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A trágica história por trás de “Zombie”, sucesso do Cranberries composto por Dolores O”Riordan

Cantora, que morreu nesta segunda aos 46 anos, classificou a canção, inspirada na morte de duas crianças após um ataque terrorista, como a mais agressiva que a banda fez.

A irlandesa Dolores O’Riordan, que morreu em Londres nesta segunda, aos 46 anos, de causa ainda desconhecida, escreveu uma das canções mais famosas de sua banda, The Cranberries: "Zombie".

A música, do segundo álbum do grupo, No Need to Argue (1994), é um hino de guerra e chegou a ganhar o prêmio de melhor composição do EMA, o MTV Europe Music Award.

"Essa foi a canção mais agresiva que escrevemos", disse Dolores O’Riordan em entrevista ao portal Team Rock, em novembro do ano passado. "Zombie foi algo diferente de tudo que havíamos feito antes."

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A música foi inspirada na morte de duas crianças, Tim Parry, de 12 anos, e Johnathan Ball, de 3.

Os dois morreram em 20 de março de 1993 após a explosão de duas bombas colocadas pelo grupo armado IRA (Exército Republicano Irlandês) em lixeiras em uma área comercial da cidade Warrington, na Inglaterra. O ataque terrorista deixou mais de 50 pessoas feridas.

https://youtu.be/6Ejga4kJUts

Zombie faz referência à violência que assolou a Irlanda do Norte durante décadas, particularmente as de 70 e 80, pelos combates entre as tropas britânicas e os nacionalistas irlandeses.

O IRA foi a principal organização armada católico-republicana da Irlanda do Norte, que durante décadas utilizou a violência para tentar que esse território deixasse de formar o Reino Unido e se incorporasse à República da Irlanda.

Na música, Dolores O’Riordan canta (aqui em livre adaptação para o português): "Em sua mente, em sua mente, eles estão lutando. Com seus tanques e suas bombas. E suas bombas e suas armas, em sua mente. Em sua mente eles estão chorando".

Outro trecho, que parece uma clara referência ao atentado de 1993, diz: "O coração partido de outra mãe é tomado. Quando a violência causa silêncio, devemos estar enganados".

Parte do sucesso da música se deveu também a seu clipe, que alternava imagens da guerra com cenas de O’Riordan e um grupo de crianças pintados de dourado ao redor de um crucifixo.

O clipe, que tem quase 700 milhões de visualizações no canal do The Cranberries no YouTube, foi dirigido por Samuel Bayer, que também fez o vídeo Smells Like Teen Spirit, um dos principais sucessos do Nirvana.

Pai de vítima não conhecia homenagem

Colin Parry, pai de Tim Parry, tomou conhecimento de que a música era uma homenagem a seu filho somente após a morte de O’Riordan, nesta segunda.

"Somente ontem eu descobri que o grupo dela, ou ela mesma, compuseram a música em memória do que aconteceu em Warrington", disse ele à BBC.

"Minha mulher chegou do escritório da polícia onde estava trabalhando e me contou. Coloquei a música para tocar em meu laptop, assisti à banda cantando, vi Dolores e escutei a letra", contou. "A letra é, ao mesmo tempo, sublime e muito real."

Segundo ele, o atentado em Warrington, assim como muitos outros que ocorreram em toda a Irlanda e no Reino Unido, "afetou famílias de uma maneira real".

"Ler a letra escrita por uma banda irlandesa de maneira tão convincente foi algo muito, muito intenso", afirmou Parry.

"A morte repentina de uma mulher tão jovem é chocante", comentou ele sobre O’Riordan.

Segundo uma nota divulgada por seus representantes, a cantora estava em Londres para uma curta sessão de gravação.

A polícia britânica informou que foi chamada até um hotel na região central de Londres, onde ela foi declarada morta.

Ainda não há informações sobre a causa da morte.

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