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Edição definitiva da graphic novel Watchmen comemora 30º aniversário do fim da saga

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Nos anos 1980, DC e Marvel já duelavam pelo amor do público como fazem hoje em dia no cinema. Naquela época, porém, eram os quadrinhos que importavam, e a DC, como hoje, perdia de lavada nas vendas. Entre 1986 e 1987, o jogo virou graças a “Watchmen”.

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A revista completou 30 anos do fim de sua publicação em 2017 e, nos últimos minutos do ano, recebeu uma reedição anunciada pela Panini, incluindo quase 50 páginas de extras em que o roteirista Alan Moore e o ilustrador Dave Gibbons explicam o trabalho hercúleo que deu para criar este clássico das HQs, muitas vezes apontado como a obra-prima dos quadrinhos.

Em “Watchmen” acompanhamos um grupo de heróis muito distantes do conceito popular da palavra. Em vez de lutarem pelo fim da violência, os personagens são agentes e vítimas dela.

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Há estupro, assassinatos e violência psicológica, tudo envolto em uma espécie de visão nostálgica, como fica claro nos recortes de jornal e diários que vêm ao fim de cada um dos 12 capítulos. São heróis tão à beira do limite que, literalmente, convidam o inimigo para jantar.

Tudo é apresentado em um contexto da Guerra Fria, já que a HQ, publicada originalmente em 1986, era um reflexo de seu próprio tempo: a ameaça da guerra nuclear era uma constante, e “Watchmen” mostra que mesmo o Dr. Manhattan, capaz de desintegrar um tanque de guerra com um dedo, não seria capaz de evitá-la se quisesse – e ele não quer.

Apesar da história, obrigatória para todo fã de quadrinhos, o que impressiona nesta edição são os extras, em que o leitor mergulha nos personagens ainda mais. Estão listados os primeiros esboços, as capas descartadas e as inspirações visuais para cada personagem, tudo embalado em uma edição atemporal em capa dura digna de Ozymandias.

A vida dos autores antes e depois de ‘Watchmen’
O inglês Alan Moore não era um roteirista qualquer quando começou a publicar “Watchmen”, mas deve muito de seu sucesso pessoal ao da HQ.

Ele é um dos quadrinistas mais famosos – se não o mais famoso – do mundo atual. Ficou conhecido por revolucionar as histórias do “Monstro do Pântano” no início dos anos 1980 e por criar a minissérie “V de Vingança”. Depois do sucesso de “Watchmen”, recebeu nas mãos Batman, o personagem mais rentável da DC, para o qual criou “A Piada Mortal”. Trabalhou ainda com Superman, criou “A Liga Extraordinária” e abriu uma editora própria em 2009.

Já Dave Gibbons tinha passagens famosas em “Lanterna Verde” e “Doctor Who” antes de “Watchmen”. Não voltou a alcançar grande relevância em projetos pessoais e se manteve como roteirista e ilustrador de semanais da DC e Marvel.

As inspirações
Alan Moore não queria perder tempo apresentando os personagens em “Watchmen”, por isso queria usar nomes consagrados e que estivessem no esquecimento. Para isso, planejou a história usando os heróis da Charlton Comics, recém-comprada pela DC.

Nos extras da edição definitiva, vê-se a decepção de Moore quando teve que trocar tudo: a DC tinha medo dos destinos que Moore queria dar aos personagens (como matar o Pacificador logo na primeira página), portanto exigiu a criação de novos protagonistas. Moore acatou a decisão (mas não muito).

O smiley manchado de sangue é um dos maiores símbolos visuais da série. O ícone inocente, criado pelo publicitário Harvey Ball nos anos 1960, ganha um aspecto sádico e violento na representação sangrenta de Gibbons – o que era exatamente a intenção dele ao propor a ideia a Moore. A figura sorridente aparece logo no início da história e, ao longo dela, há várias alusões a seu formato, estando até no solo de Marte.

Na telona
Os direitos de adaptação de “Watchmen” passaram de mão em mão desde 1990 e o filme só chegou aos cinemas em 2009, após uma batalha judicial entre Fox e Warner. A expectativa era alta. O diretor Zack Snyder já havia adaptado outro sucesso de Alan Moore, “300” (2006), para a telona. Embora tenha sido elogiado pela crítica, o esforço dele foi em vão. O filme, com quase 3h de duração, mirou os fãs, mas foi criticado por ser incompleto. Resultado: custou US$ 130 milhões, mas só arrecadou US$ 180 milhões, longe do lucro esperado.

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