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Espetáculo teatral do Grupo Carmin levanta questões sobre identidade do povo nordestino

Robson Medeiros (esq.), Henrique Fontes e Mateus Cardoso protagonizam A Invenção do Nordeste Divulgação

Perguntas norteiam “A Invenção do Nordeste”, peça atualmente em cartaz no Sesc Belenzinho, mas não espere ver ali qualquer resposta.

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A pesquisa que deu origem ao novo trabalho do Grupo Carmin, do Rio Grande do Norte, teve como ponto de partida os ataques sofridos nas redes sociais por nordestinos durante a campanha presidencial de 2014.

Os dramaturgos Henrique Fontes e Pablo Capistrano encontraram no livro “A Invenção do Nordeste e Outras Artes”, de Durval Muniz de Albuquerque Jr, um caminho para buscar desconstruir estereótipos sobre o povo dessa região a partir de uma montagem provocadora.

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“Viajamos pelo país com outra peça, ‘Jacy’, e as pessoas falavam que nosso teatro não parecia nordestino. A gente entendia o que elas esperavam: um teatro mais regionalista, puxado para a estética da fome, com tudo ocre. Durval questiona isso para que a gente consiga fazer um outro lado dessa história, uma versão não oficial, com a qual a gente possa se identificar”, explica Quitéria Kelly, que dirige a encenação.

No palco, Henrique vive um diretor empenhado em preparar dois atores norte-rio-grandenses para disputar o papel de nordestino em uma produção.

O texto conquista ao se valer fortemente do humor sem perder a acidez e o tom crítico. “A comédia é um canal para abrir a veia da plateia e inserir o tema que a gente quer. Falamos de política, geografia, sociedade. São temas pesados, mas, com riso, tudo entra mais fácil”, diz Quitéria.

“A Invenção do Nordeste” usa portanto a leveza para convidar ao debate em um momento em que diálogos parecem impossíveis. “Durval fala que a história não é apaziguamento. É uma fogueira que reduz nossas certezas em cinzas para, a partir delas, recomeçarmos. Não queremos negar esse lugar, porque ele existe, mas não podemos ficar presos em uma visão anacrônica”, conclui ela.

Serviço:

No Sesc Belenzinho (r. pe. Adelino, 1.000, tel.: 2076-9700). De qui. a sáb., às 21h30; dom., às 18h30. R$ 20. Até 26/11.

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