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Dono de um sorriso fácil e de uma escrita suave, o poeta Manoel de Barros morreu nesta quinta-feira, aos 97 anos. Natural de Mato Grosso, o escritor estava internado havia duas semanas em um hospital de Campo Grande após ter sofrido complicações em uma cirurgia de desobstrução do intestino.
Manoel de Barros estava com a saúde debilitada desde que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em janeiro. O velório aconteceu na tarde desta quinta, com o corpo aclamado pelas palmas do público. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foi decretado luto oficial de três dias pela morte.
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O poeta era considerado um dos maiores da atualidade – tido por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) como o melhor do país. Entre as suas obras mais conhecidas estão “Livro Sobre o Nada” (1983) e “O Fazedor de Amanhecer” (2002), pelo qual recebeu seu segundo Prêmio Jabuti. Sua obra completa foi comprada pela Objetiva no início do mês e será republicada a partir de 2015 pelo selo Alfaguara.
Manoel de Barros era conhecido por mesclar em seus textos simplicidade e requinte – “idioma” que ele apelidou de ‘idioleto manoelês archaico’. O primeiro livro, intitulado “Poemas Concebidos Sem Pecado”, foi publicado em 1937, quando tinha 21 anos. A impressão foi financiada por amigos e teve ao todo apenas 21 exemplares. Desde então, passou a escrever com regularidade.
Ao longo da carreira, o escritor lançou 21 livros de poesia e quatro volumes de poesia infantil. O primeiro de prosa foi escrito aos 87 anos – relato de lembranças de infância, “Memórias Inventadas”. Seu último livro, publicado em 2013, foi a antologia “Portas de Pedro Viana”.
Manoel de Barros formou-
se em direito, mas não exerceu a profissão. Viveu a maior parte da vida como criador de gado da fazenda herdada dos pais em 1950. “Não fui pra sarjeta porque herdei”, dizia.
Cinco anos após o fim da faculdade, em 1947, foi morar nos Estados Unidos, onde estudou cinema e artes visuais. O poeta gostava de ilustrar os próprios livros com figuras de traços fortes, como essa ao lado. Manoel teve três filhos com Stella, que deixa viúva.