Entretenimento

Em ‘Alemão’, Cauã Reymond vive chefe do tráfico de favelas no Rio

Em 2010, a imagem registrada, ao vivo, pela TV, de traficantes fugindo do cerco da polícia e do Exército no complexo do Alemão, na zona norte do Rio, entrou para a história do país. Parecia cena de cinema. E se tornou. O diretor José Eduardo Belmonte toca no assunto, mas foca num drama ficcional no longa “Alemão”, que estreia nesta quinta-feira em 350 salas.

Filmado “na pressão” – foram 18 dias, em cinco comunidades (duas locações no Alemão, Rio das Pedras, Babilônia e Chapéu Mangueira) e orçamento de R$ 5 milhões –, a produção é carregada de suspense, com toques de documentário – há cenas das recentes manifestações no Rio. O eixo é a invasão ao conjunto de favelas, mostrando a história de um grupo de policiais infiltrados às vésperas da ação de pacificação.

“A ocupação é um dado no filme. Eu não quis levantar bandeira política, mas gerar reflexões sobre as questões humanas dos personagens, o abismo social e essa guerra que sabemos que acontece, através do ponto de vista de quem estava no morro”, explica Belmonte, que encarou o desafio de um longa de ação.

Recomendados

“Só Deus para explicar como aceitei esse projeto”, brinca o diretor de filmes menos comerciais, como “Se Nada Mais Der Certo” e “O Gorila”.

Na trama, com produção de Rodrigo Teixeira, os policiais infiltrados são interpretados por Caio Blat, Otávio Müller, Milhem Cortaz, Gabriel Braga Nunes e Marcello Melo Jr.. “Conversamos com policiais e é muito risco o que eles passam, eles chegam ao limite de suas entregas e escolhas na vida. Foi muito intenso vivenciar um pouco disso”, lembra Caio Blat.

Coprodutor do filme, Cauã Reymond vive Playboy, o chefe do tráfico, sempre cercado de seus “soldados”, Senegal, Caveirinha e Zuim. Antonio Fagundes faz participação especial, como o delegado Valadares, que coordena a ação de invasão ao complexo.

Cauã Reymond

Na pele do traficante Playboy, um Cauã Reymond marrento, vestindo camisa do Flamengo e tragando charuto, desconstrói a imagem do galã de TV ao qual o público está acostumado.

Foi difícil se desprender da imagem de galã?
Eu estava querendo me desafiar, sair do lugar da fantasia. Eu seria um dos policiais infiltrados. Mas li o roteiro e veio o insight: quero ser o mauzinho! Eu me inspirei muito no Ném, [traficante] da Rocinha. O MC Smith [que está no elenco] me guiou pelo complexo, fomos na Chatuba e em todas as casas que, em princípio, eram ocupadas por chefes do tráfico. Foi um laboratório rico. Ouvi muito funk proibidão também [risos] para pegar a forma como o pessoal fala. Algumas frases do meu personagem, como ‘a gente tem que deixar de ser bandido e virar criminoso’, eu ouvi desse universo.

Como foi a convivência com os moradores?
Todos nos receberam muito bem. Passei dois dias inteiros lá, comi bolinho na tia da casa onde filmamos, usamos o videogame dela, o porão, tomamos banho de piscina na laje… Só não deu tempo para o churrasco! [risos]

Qual é sua visão sobre a pacificação no Alemão?
As UPPs, em algumas comunidades, ocuparam um lugar positivo. Em outras, nem tanto. Mas, quanto à chegada do Estado, eu não percebo isso ainda lá. Além da questão da segurança, a gente sabe que o tráfico não acabou.

O que achou da experiência de coproduzir o filme?
Ah, a brincadeira muda! Você tem um diálogo diferente, pensa também: “esse ator pode se dar bem aqui no nosso filme.” O Brad Pitt ganhou o Oscar este ano pela primeira vez como produtor (“12 Anos de Escravidão”), e nunca ganhou como ator. E eu penso também em, daqui a pouco, se essa empreitada der certo, de fazer projetos em que eu nem esteja atuando, de poder realmente levantar coisas que acho interessante.

Assista o trailer:

Tags

Últimas Notícias


Nós recomendamos