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Homenagens a Zico e Ayrton Senna marcam o 2º dia de desfiles no RJ

O segundo e último dia de desfiles do Grupo Especial do Rio foi marcado por apresentações empolgantes na Sapucaí. Seis escolas desfilaram na noite de segunda e na madrugada de terça: Mocidade Independente, União da Ilha, Vila Isabel, Imperatriz, Portela e Unidos da Tijuca.

Mocidade Independente – A primeira escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí na noite desta segunda-feira, foi a Mocidade Independente de Padre Miguel com o enredo «Pernambucópolis».

A agremiação – que enfrentou diversos problemas nos bastidores nas semanas que antecederam o Carnaval – fez um desfile mediano na opinião dos comentaristas das rádios da Band.

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«A Mocidade teve alguns probleminhas com os carros alegóricos, principalmente com o abre-alas, na hora da entrada para acoplar as duas partes. Depois, eles conseguiram fazer um desfile mais ‘limpo'», afirmou Pollyanna Brêtas.

«Notamos um problema sério em uma ala que os componentes não estava de sapatos, uns estavam de tênis, de sandália, de sapato. Isso vai fazer com que o julgador de fantasia tire pontos nesse quesito», analisou Bruno Filippo. «Foi um bom desfile, mas não é o suficiente para a Mocidade voltar no desfile das campeãs. No entanto, é bem acima do esperado diante de toda a crise que a escola tem enfrentado», completou.

«Foi um desfile leve, de chão, que os componentes cantaram o samba-enredo. A Mocidade vai ficar ali naquela posição intermediária. Quem sabe em 2015 ela volte mais forte», continuou Bruno. «O objetivo da Mocidade é se manter no Grupo Especial esse ano para voltar ano que vem e disputar o campeonato de maneira séria. Tanto que se fala da contratação do carnavalesco Paulo Barros para o próximo ano», completou.

Há um mês do Carnaval, a Mocidade não tinha nada pronto no seu barracão. Com a mudança de diretoria, eles conseguiram montar um desfile adequado para competir na folia momesca deste ano.

Com problemas nos bastidores, Mocidade faz desfile morno / Ricardo Moraes / Reuters

União da Ilha – Segunda escola a desfilar na noite desta segunda-feira, dia 3, a União da Ilha surpreendeu positivamente os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes.

A agremiação apresentou o enredo «É brinquedo, é brincadeira – A Ilha vai levantar poeira» e trouxe também personagens que marcaram a infância de muitas pessoas.

Inicialmente, a escola teve um pequeno problema relatado pela repórter Pollyana Brêtas. «O carro do tóto [ou pebolim] quebrou e está sendo empurrado na mão pelos integrantes, no esforço», comentou. «Isso não deve causar muito prejuízo porque não causou buraco no campo de visão do julgador», analisou Bruno Filippo imediatamente.

A história contada pela União da Ilha do Governador também agradou bastante ao especialista. «É o tipo do enredo que não precisa de muita explicação e que, facilmente, pelas fantasias e alegorias a gente já consegue entender», analisou.

Para ele, a escola retornou às suas tradições e origens. «A Ilha fez um belíssimo desfile, leve, colorido, com a cara da escola. Reatando a tradição de agremiação de fazer desfiles que se aproximam do público», disse Bruno.

«Há muito tempo a União da Ilha não passa tão bem assim na Sapucaí. Foi um desfile surpreendente, acima da expectativa. Ela vinha de fato fazendo bons desfiles, mas nada que fosse uma grande sensação ou causasse uma grande emoção. Vamos torcer para que ela consiga ter um resultado tão bom nas notas», completou.

No final, a escola deu uma pequena corrida para finalizar o desfile no tempo estabelecido e pode perder alguns pontos por causa disso. «A correria prejudica o quesito evolução e exige uma cabine de julgador logo ali no final para que os jurados observem a evolução no final, próximo à dispersão. Exatamente para que haja uma visão ampla do desfile. Só que o que um julgador viu, o outro pode não ter visto», explicou Bruno.

A infância foi tema da União da Ilha / Ricardo Moraes / Reuters

Vila Isabel – Antes mesmo de entrar na Sapucaí na noite desta segunda-feira, dia 3, a Unidos de Vila Isabel apresentou diversos problemas: dez alas da escola estavam desfalcadas para o desfile.

«Tem integrantes chorando na concentração. Uma empresa terceirizada foi contratada para fazer a confecção destas fantasias e ela alegou problemas técnicos. A escola ficou esperando até às 22h no barracão a chegada das fantasias», relatou Pollyanna Brêtas.

De início, integrantes da Comissão de Carnaval da escola de samba tentaram amenizar. «São problemas pontuais. Não fomos campeões ano passado à toa. A escola vai desfilar e mostrar para o que veio. A nossa comunidade é forte», disse Décio da Silva.

No entanto, Júnior Schall aproveitou as rádios do Grupo Bandeirantes para pedir desculpas à comunidade. «Se alguém se sentiu ofendido, chateado, eu peço desculpas. Sempre tentaremos fazer o melhor, se isso não acontece, às vezes não é culpa nossa», afirmou o também integrante da Comissão de Carnaval. «Sobre a pontuação, isso depende dos jurados entenderem ou não que a fantasia está incompleta», completou.

Muitas pessoas desfilaram com partes faltantes das fantasias, criando um verdadeiro jogo de «sete erros» entre os componentes das alas. A Vila Isabel, no entanto, decidiu não impedir de desfilar quem estivesse com traje incompleto.

«Juntando esses problemas aqui e ali, é um problemaço. Uma série de problemas visíveis, pessoas de shorts no carro abre-alas. Na ala seguinte, gente com a fantasia aí incompleta. Perde pontos em três quesitos, no mínimo», analisou Bruno. «A escola está passando sem cantar, sem emoção», comentou.

O clima contagiou toda escola de samba, que cantou pouco e não mostrou muito chão. Porém, os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes atentaram para outro problema que a Unidos de Vila Isabel apresentou.

«A leitura do enredo me parece muito superficial, pobre, com repetição de temas e de matérias. Não é só esse problema de acabamento das fantasias. A leitura do enredo está muito ruim, fraca. Não me surpreende pelos problemas políticos que a escola passou», disse Bruno Filippo.

«Lamentável. Já se esperava que a Vila Isabel fizesse algo assim devido aos boatos nos últimos dias que antecederam ao Carnaval. Confirmou a expectativa negativa. O que é histórico, pois não me lembro e ter visto uma escola campeã do ano interior vir tão ruim no ano subsequente. Se os julgadores forem bem técnicos, a escola irá lutar para não ser rebaixada», garantiu.

Sabrina Sato, rainha da bateria da Vila Isabel / Sergio Moraes / Reuters

Imperatriz Leopoldinense – Imperatriz Leopoldinense foi a quarta escola a desfilar na noite desta segunda-feira, dia 3, e apresentou um enredo em homenagem ao ex-jogador de futebol Zico.

Apresentando «Arthur X – O reino do galinho de ouro na corte da Imperatriz», a agremiação enfrentou alguns problemas técnicos que, segundo os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes, devem custar pontos preciosos.

O primeiro problema foi relacionado ao carro abre-alas. «A chuteira da alegoria deu problema. Ela tem quatro rodas e, conforme os integrantes avançam com ela, as rodas viram automaticamente para a direita e quase atingiu a grade que separa o público da avenida. Com isso, abriu um buraco bem grande em frente a um módulo de jurados», reportou William Lacerda.

Para resolver o problema, a escola acabou desconectando a chuteira do carro abre-alas. «É uma questão que remete ao quesito de alegorias e adereços. O julgador pode avaliar que a desacoplação – na sua concepção – deixou um elemento repetido e não acrescenta em nada ao desfile», analisou Bruno Filippo.

O comentarista também viu o enredo ser contado de uma forma bastante fraca. «A escola está bonita e as alegorias estão muito bem acabadas. No entanto, parece uma leitura muito superficial. Uma mesmice», analisou Bruno que também afirmou que a Imperatriz está em declínio e, provavelmente, não vai sair dessa situação.

Em uma comparação com a Beija-Flor de Nilópolis, com o enredo que homenageou Boni, os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes notaram que Zico teve um grande destaque na escola, enquanto o ex-diretor de TV ficou apagado.

Quase chegando ao final da apresentação, outro carro alegórico deu problema, tombando para os lados, sem conseguir seguir em linha reta. «O cavalo tombou, uma dançarinas caiu e está sendo atendida por funcionários da Liesa. Acabou batendo e quebrou o cavalo. Está criando um novo buraco», contou William Lacerda.

Por fim, Bruno Filippo fez uma análise do desfile como um todo. «Além desses problemas, tem o enredo com leitura problemática, a estética repetitiva. Futebol e samba são duas marcas da cultura brasileira, mas quando junta na avenida, não dá certo. Apesar de tudo, apesar do apelo popular, a Imperatriz fez um desfile para – no máximo – se manter no Grupo Especial», analisou.

Imperatriz fez homenagem a Zico / Ricardo Moraes / Reuters

Portela – Penúltima escola a se apresentar nesta segunda-feira de Carnaval, a Portela agitou os espectadores da Marquês de Sapucaí.

Com uma apresentação praticamente sem falhas, a agremiação deve disputar as primeiras posições no dia da apuração da folia carioca, de acordo com os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes.

«Este é um dos melhores sambas do Carnaval, ao lado do Salgueiro. É um samba diferente. Se você ouvir ele do início ao fim, ele foge da mesmice dos outros sambas-enredos. O samba está ajudando muito a Portela a fazer um desfile maravilhoso», disse Bruno Filippo logo no início do desfile.

A agremiação também foi elogiada por sua preparação para o Carnaval. «Antigamente, a escola estava sempre atrasada. Este ano, a escola foi uma das primeiras a entregar o seu Carnaval. Fizeram questão de mostrar que entregaram as fantasias com antecedência», comentou o especialista.

Ao terminar seu desfile na área da concentração, a escola foi ovacionada com os gritos de ‘É campeã’ pelo público do Setor 1. «Portela mostrou que veio diferente, que veio disposta. Talvez na quarta-feira de cinzas, Madureira fique pequena para tanta comemoração. Talvez essa seja uma quadra para visitar», brincou Bruno Filippo.

«A Portela veio para mostrar que tem todo um peso, 21 campeonatos, e que não pode ficar tanto tempo sem ganhar um campeonato. Esse desfile simboliza um novo momento da agremiação. Um clima muito especial. Portela forte significa Carnaval carioca forte», analisou o especialista.

Patricia Nery, rainha da bateria da Portela / Pilar Olivares / Reuters

Unidos da Tijuca – Última escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí, a Unidos da Tijuca apresentou o enredo «Acelera, Tijuca» na noite desta segunda-feira, dia 3.

A agremiação – que falou de velocidade – aproveitou para fazer uma verdadeira corrida maluca na Avenida e para fazer uma homenagem a Ayrton Senna. Para os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes, a escola está credenciada a voltar ao desfile das campeãs.

No entanto, o início da escola foi levemente tumultuado. «O carro abre-alas está saindo muita fumaça e os bombeiros correram para lá para verificar a situação», comentou William Lacerda. Porém, foi constatado que não era nada de errado com a alegoria.

A animação do público na Marques do Sapucaí, na visão de Bruno Filippo, foi devido à expectativa que o carnavalesco sempre cria. «[Estão animados] por causa dessa característica do Paulo Barros. Ele trouxe para a escola de samba uma estética pop, aliada com a surpresa. Na minha opinião, ele não é o melhor carnavalesco, mas ele é o melhor em gerar uma expectativa, um ineditismo enorme», disse.

Unidos da Tijuca homenageou Ayrton Senna / Ricardo Moraes / Reuters

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