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Mocidade e Gaviões se destacam na segunda noite do Anhembi

A segunda noite de desfiles no Anhembi teve como destaques as passagens da Mocidade Alegre, atual campeã e uma das favoritas ao título, e da Gaviões da Fiel, que, como de costume, arrastou sua torcida ao sambódromo e recebeu o apoio vindo das arquibancadas.

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Neste segundo dia de desfiles, também se apresentaram as escolas Pérola Negra, Nenê de Vila Matilde, Águia de Ouro, Império de Casa Verde e Acadêmicos do Tatuapé.

 

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Pérola Negra – Primeira a entrar na avenida, a Pérola falou sobre a felicidade com o enredo «Caminhos segui, lugar encontrei… Pérola Negra, a suprema felicidade!», mas enfrentou alguns problemas em seu desfile. Para os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes, a letra da música foi um ponto certeiro durante o desfile. «O samba da Pérola pode não ser um samba primoroso, mas o refrão é muito bom. E o desfile é feito disso também. Dá para ver a arquibancada cantando, os integrantes da comunidade cantando», disseram.

Integrante da escola de samba Pérola Negra durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

«Houve um problema na direção do quinto carro. O carro está tentando sair do lugar e se alinhar na avenida. Tem gente do baixo do carro. A escola parou para não prejudicar a evolução, mas ainda há muita preocupação das pessoas na avenida. É um carro muito bonito, com muitas crianças. Reúne os novatos da Pérola Negra e a velha guarda», contou William Cury da dispersão.

Bruno Philipo comentou o uso de acrobatas nas alegorias. «Isso é muito do Paulo Barros. Porque isso dá uma nova estética à alegoria. O movimento humano se integra ao cenário criado pelo carnavalesco. É uma tendência nova que deve perdurar um bom tempo», explicou.

Outro problema foi relacionado ao casal de mestre-sala e a porta-bandeira. «Muito espaço entre ele e as alas, mais de dez metro. A escola teve que dar uma acelerada no final para acabar o desfile», disse Ronald Gimenez. «No começo do desfile, ainda o mestre-sala perdeu o chapéu, depois uma asa e – bem na nossa frente – a outra asa», completou Coutinho sobre os problemas.

Integrantes da escola de samba Pérola Negra durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

No entanto, a passagem da Pérola Negra foi avaliada de forma positiva. «Um bom desfile de maneira geral. O último carro tinha um probleminha de acabamento e os julgadores de alegoria com certeza notaram esse fato. E também o problema com o casal de Mestre-Sala e porta bandeira, que deve fazer com que eles percam pontos, mas é um desfile para a Pérola Negra se manter no Grupo Especial», analisou Bruno Philipo.

 

Gaviões da Fiel – O desfile da Gaviões da Fiel chamou atenção dos comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes. Segunda escola a desfilar neste sábado, dia 1º, a escola de samba apresentou um enredo sobre a vida de Ronaldo, o Fenômeno.

O entrada da agremiação no sambódromo do Anhembi foi bastante tumultuada. «Perderam o casal de mestre-sala e de porta-bandeira, pelo que eu entendi. Tem um furo enorme na avenida. É uma situação bastante inusitada. Com certeza, a Gaviões vai ser prejudicada porque tem um furo enorme, de provavelmente 100 metros», comentou a repórter Michelle Trombelli.

«Pelo que o William e a Michelle relataram, a escola apresenta um problema sério de evolução. Não haveria nenhum problema ter colocado o casal em outro lugar. Mas eu tenho 20 anos de Carnaval e nunca vi nada parecido», comentou Bruno Philipo. «Algo de errado aconteceu porque todas as escolas colocam o primeiro casal logo do início do desfile», afirmou Ronald Gimenez.

A apresentadora Sabrina Sato, da escola de samba Gaviões da Fiel, durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

De acordo com Gi, porta-bandeira, ela teve um pequeno atraso, mas entrou no momento certo. «Também tive um deslize no meio da pista, mas ninguém percebeu. Vim na ponta do pé depois da cabine do segundo jurado. Mesmo assim, foi perfeito. Acho que amanhã eu vou sentir um pouco de dor», explicou.

Depois, outro problema notado pelos comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes foi a «falta de cadência» na hora do desfile. «A Gaviões está correndo muito, pois ela deve ter vindo muito grande e isso acarreta problemas de evolução», disse Bruno. «A Gaviões entrou com o quarto carro apenas com 45 minutos. É uma correria que se justifica. O último carro foi – de todas as escolas – o que entrou mais tarde na avenida», alertou William Cury.

«Quando a escola começa a correr, perde a cadência. Está quase trotando. E não precisa disso. São de 17 a 20 minutos para passar pelo sambódromo e a Gaviões tem esse tempo», ressalvaram os comentaristas.

«A escola estava muito luxuosa, até porque teve patrocínio do próprio Ronaldo. No entanto, eu acho que o carnavalesco pecou um pouco pela mesmice na concepção do enredo, das alegorias e das fantasias. Em momentos que ele buscou fugir um pouco dos símbolos do futebol, encontrou algumas soluções estranhas e de difícil identificação pelo espectador», completou Bruno Philipo.

O ex-jogador Ronaldo, homenageado pela escola de samba Gaviões da Fiel, durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

O final do desfile, na dispersão, ainda teve um pouco de tumulto. Muitos componentes da escola esperaram o carro de Ronaldo chegar ao fim do Anhembi para tentar tirar uma foto com ele.

A passagem de Ronaldo pelo Anhembi teve muita tietagem, cenas de idolatria e também muita confusão. O jogador, enredo da Gaviões da Fiel no Carnaval de São Paulo, saiu no último carro da escola, junto de membros da família – os pais e o filho Ronald entre eles.

A chegada do ex-jogador era muito aguardada por jornalistas, fãs e os próprios membros da Gaviões, em busca de uma foto e ou algumas palavras do craque.

A confusão começou já com a chegada de convidados de Ronaldo. O lutador Junior Cigano atendia fãs e imprensa quando foi interrompido aos gritos de um membro da escola, possivelmente da diretoria: «Deixa o cara em paz!».

Quando o Ronald chegou, pode-se ver uma prévia do que viria. O filho de Ronaldo falou rapidamente com a imprensa e foi logo colocado sobre a empilhadeira usada para colocar os destaques nos carros.

O ex-presidente do Corinthians e amigo de Ronaldo, Andrés Sanches, falou pouco e teve a entrevista interrompida por corintianos, aos gritos de «ae Andrés, valeu presidente!».

 

Tumulto 

A chegada de Ronaldo foi a senha para o início de uma sessão de empurrões, gritos, pedidos para fotos – todos em vão. Membros da escola tiraram a força qualquer um que tentasse se aproximar do Fenômeno.

O homenageado, esboçando sorrisos apesar da confusão em volta, foi rapidamente colocado sobre a empilhadeira e erguido para o carro. No chão, os membros da escola vibraram como um gol do próprio Ronaldo.

Com a família reunida, Ronaldo tirou fotos, cantou o samba e arriscou uma dancinha com os braços, bem ao estilo «gringo no samba». Um dos destaques no mesmo carro, ajudou e registrou o encontro de parte da família do Fenômeno.

Em volta do carro, a massa se negava a tirar os olhos do jogador. Comentários sobre a forma do jogador e declarações de idolatria podiam ser ouvidos. Calada, se apoiando em uma vassoura, dona Noremi, funcionária da limpeza, parecia hipnotizada com o Fenômeno,

«Sou corintiana. Aliás, toda minha família é Corinthians», disse ela, admitindo que havia escapado por pouco minutos para ver o ídolo. «Nunca tinha visto ele de tão perto», completou.

Depois de ser homenageado pela Gaviões da Fiel e participar do desfile na noite deste sábado, dia 1º, o ex-jogador Ronaldo conversou com a Band FM sobre suas emoções.

«Nossa, foi demais. A emoção foi incrível. O enredo estava lindo, o refrão estava fácil para a galera [acompanhar]. A emoção que eu senti na avenida, passando, foi demais», comentou Ronaldo.

«Foi muito mais emocionante do que eu esperava. A família toda do meu lado, também emocionada. E ver a galera reagindo foi ótimo», continuou.

Sobre um possível título, Ronaldo disse que está na torcida pela Gaviões da Fiel, mas que quer assistir o desfile na íntegra antes. «Tomara que vença, merece, foi lindo. Não vi o desfile ainda, estou louco para chegar em casa e assistir», finalizou.

 

 

Mocidade Alegre – A bicampeã Mocidade Alegre, terceira escola a desfilar neste sábado, dia 1º confirmou seu favoritismo no Carnaval paulista e exibiu um desfile impecável na opinião dos comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes.

Aline Oliveira, rainha da Bateria da Mocidade Alegre, durante desfile no Anhembi | Avener Prado/Folhapress

Ronald Gimenez, de início, ficou ressabido com o tema escolhido pela escola. «Só tenho uma preocupação de enredo: é uma história muito ligada a Solange Bichara e na letra da música só vi referências às religiões católica e africanas», alertou.

Quando a escola fez sua primeira paradinha e os componentes ajoelharam, o público foi ao delírio. «Sensacional o que a Mocidade fez no Anhembi. 530 metros de foliões ajoelhados. Estou até arrepiado», comentou Coutinho.

«Os jurados vão querer procurar pelo em ovo, mas o grande barato foi a iniciativa da escola de fazer algo novo. Para mim, como simples comentarista, foi arrepiante», completou Ronald. «Só o momento de a escola saber quando fazer essa paradinha coreografada, já é algo que merece mérito», analisou Bruno Philipo.

No entanto, nem tudo foram flores durante a apresentação da escola. «Um pequeno susto nesse desfile – até agora perfeito – da Mocidade Alegre. O quinto carro ameaçou não funcionar, mas um minuto depois já voltou a pegar e não deu mais problemas», comentou William Cury, na concentração do Anhembi.

«Até agora a Mocidade confirma seu favoritismo», analisou Bruno Astuto. «Impecável na alegoria, na evolução. Empolgou o público nos momentos da paradinha. O público gritou ‘É campeã’ e isso não é fácil de acontecer», continuou.

Ronald Gimenez apontou ainda um possível problema na escola. «Apesar de a religião protestante não ser afeita ao Carnaval, é preciso representá-la em um enredo sobre fé. O pastor tinha que estar ali. No entanto, eu acho que os cifrões que estão ali pendurados na fantasia não são a única representação possível da religião protestante. Tinha que ser como está o padre e a mãe de santo ali», ressaltou.

Ao final da apresentação, ele concordou que ela foi praticamente perfeita. «Desfile competente do começo ao fim. O samba pode não ser o melhor do Carnaval de São Paulo, mas empolgou em alguns momentos. Tirou onda com a gente ao fechar o desfile com 65 minutos, sem correr e sem oerder a cadência», completou Ronald.

A repórter Michelle Trombelli ainda conversou com o ator Cássio Scabin, que desfila todos os anos pela Mocidade Alegre. «Foi maravilhoso. A escola veio linda. O samba fala de coisas lindas, de fé. Acho que deu mais um ano certo para a Mocidade. A gente correu um pouquinho no final, mas foi na mosca», disse o ator.

 

Nenê de Vila Matilde – A Nenê de Vila Matilde foi a quarta escola a desfilar na noite deste sábado, dia 1º, no sambódromo do Anhembi, na cidade de São Paulo.

Integrantes da escola de samba Nenê de Vila Matilde durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

Apresentando um enredo sobre «Paixões proibidas e outros amores», a escola acabou enfrentando poucos problemas em sua apresentação, mas não chegou a empolgar os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes.

«A Nenê tem um dos melhores sambas desse Carnaval, muito bem escrito e bem acabado, sem rimas fáceis. Com trechos importantes», analisou Ronald. «Infelizmente, a escola não tem o dinheiro que as outras têm», lamentou.

«Foi um bom desfile, digno, com boas fantasias e alegorias. Um enredo bem desenvolvido. Teve o problema de desfilar depois da Mocidade Alegre – que foi um arrasa quarteirão. Será um desfile que irá mantê-la no Grupo Especial de São Paulo», analisou Bruno Philipo.

 

Águia de Ouro – A Águia de Ouro, quinta escola a desfilar no Anhembi na noite deste sábado, dia 1º, caprichou ao falar do mestre Dorival Caymmi.

Apresentando um enredo bastante elaborado, «A velha Bahia apresenta o centenário do poeta cancioneiro Dorival Caymmi», a escola agradou os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes.

Durante o desfile da escola, Bruno Philipo notou um problema comum a várias agremiações. «Um problema do casal de mestre-sala e porta-bandeira, que se repete aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro, que vem logo atrás da Comissão de Frente, eles acabam sendo ofuscado», comentou.

Carro alegórico da escola de samba Águia de Ouro durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

«Eu acho isso muito problemático, porque ofusca uma figura que é muito simbólica do Carnaval. Isso deveria ser repensado. Ou se diminui o tamanho do elemento cenográfico, ou se reposiciona o casal», criticou em linhas gerais.

As alegorias e fantasias foram muito bem elogiadas. «Tem um efeito muito interessante nesse carro abre-alas, que é um telão de LED, que projeta imagens do fundo do mar. Belíssimo! Esse carro realmente chama muita atenção. Carro de uma beleza singular», disseram os comentaristas.

«Estou gostando muito, está muito bonito. A escola está cantando e as alas estão compactas. Com certeza, vai brigar pelas primeiras posições nesse ano», afirmou Bruno. «Acabamentos muito bons, acima da média», analisou Ronald Gimenez.

Para os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes, houve um outro pequeno problema. «Senti falta da família Caymmi, que é bem numerosa. A Nana [Caymmi] eu já entrevistei algumas vezes e sei que ela é temperamental», ressaltou Ronald.

«Enredo muito bem trabalhado. Não senti predominância do azul, que poderia acontecer devido à obra do Dorival Caymmi ser focada no mar. Acho que o samba-enredo não representou integralmente a obra do poeta», finalizou Bruno.

Um dos integrantes da Comissão de Frente da Águia de Ouro passou mal e foi levado ao hospital antes do desfile, mas não deve ser punida porque o regulamento prevê que hajam variações no número de pessoas que compõem a ala.

 

Império de Casa Verde – A Império de Casa Verde foi a penúltima escola a se apresentar na noite deste sábado, dia 1º, segundo dia de desfiles no sambódromo do Anhembi, em São Paulo.

Integrantes da escola de samba Império de Casa Verde durante desfile no Anhembi | Paulo Whitaker/Reuters

Para os comentaristas das rádios do Grupo Bandeirantes, a escola – que apresentou o enredo «Sustentabilidade, construindo um mundo novo» – fez um desfile mediano e não deve disputar os primeiros lugares, mas também não está em maus lençóis.

De início, o repórter William Cury elogiou uma ala e uma alegoria. «Tem uma coreografia ensaiada sendo muito bem feita na Avenida», comentou. «O terceiro carro tem luzes vermelhas internas que dão um toque muito legal», completou.

No entanto, a agremiação teve que pisar no freio, pois evoluiu muito rápido. «A escola chegou ao último carro muito cedo, comparado com as outras escolas. Com 38 minutos, eles alinharam a alegoria na concentração. Eles agora deram uma diminuída no ritmo para tentar cumprir o tempo mínimo», reportou William da concentração.

Por fim, os comentaristas disseram que o desfile da Império de Casa Verde foi mediano. Teve bons momentos, mas não deu ‘o salto’. «Eu gostei da melodia do samba da Império. Trouxe alguns elementos diferentes do padrão das outras escolas. A letra não gostei tanto assim», analisou Ronald Gimenez.

«Sobre o desfile eu esperava ela mais próxima da Rosas [de Ouro] do que ela se apresentou. Foi um desfile bacana, o samba foi bem cantado, mas não deu o salto. Não foi um desfile que deu o salto de uma disputa de primeiro lugar. Estamos falando de algo como sexto lugar», continuou.

Bruno Philipo definiu a apresentação como um desfile mediano. «Não foi excepcional, nem foi um desfile ruim. Vai ficar ali no miolo. Não briga para descer, nem pelas primeiras colocações. Achei que as alegorias deixaram um pouco a desejar na finalização. A escola tinha chão, tinha alas compactas, mas deixou a desejar», disse.

 

Acadêmicos do Tatuapé – A escola de samba Acadêmicos do Tatuapé encerrou os desfiles no sambódromo do Anhembi, em São Paulo, com o dia amanhecendo na avenida na segunda noite.

Apresentando um enredo sobre São Jorge, a escola tentou contar a história do santo e o motivo dele ter se tornado tão popular em todo o território brasileiro.

«Acadêmicos do Tatuapé tem um dos melhores samba desta edição do Carnaval de São Paulo», afirmou Ronald Gimenez, que analisou os sambas-enredos de todas as agremiações.

No entanto, a escola pode acabar tendo notas baixas. «Apesar de não ter visto todo o desfile ainda da Acadêmicos, eu acho que ela corre o risco de ser rebaixada também», disse Bruno Philipo, ao dizer quais escolas achava que estavam correndo perigo de irem para o Grupo de Acesso.

O desfile a escola da zona leste contou com a participação da cantora Lecy Brandão, que anteriormente gravou o samba-enredo para divulgação, mas passou pela avenida sem interpretá-lo no carro de som.

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