Após tempos sem atuar, uma diva decide voltar aos palcos, agora repletos de jovens galãs de TV. Poderia ser a história de Eva Wilma, que, depois de cinco anos sem estrelar peças, se prepara para celebrar 60 anos de carreira com nova montagem. Mas é, na verdade, a trama da protagonista de “Azul Resplendor”, escolhida por Wilma para seu retorno, em cartaz a partir deste sábado.
O texto do peruano Eduardo Adrianzén se constrói a partir de uma série de referências ao mundo teatral. A diva em questão é a decadente Blanca Estela, convencida por um antigo fã e ator inexpressivo (Pedro Paulo Rangel) a encenar uma peça sua sob a direção do grande diretor teatral do momento (Dalton Vigh). Para isso, ela precisa dividir o palco com mocinhas e galãs de novela, que ajudam a atrair o público e a imprensa.
“O autor tem um conhecimento profundo do nosso ofício. Sua essência é o humor crítico, mas o que me agrada demais nele é como também escreve com poesia. Em cena, estamos rindo de nós mesmos, das nossas fragilidades. É tudo muito real”, aponta a atriz, afastada dos palcos desde “O Manifesto”, em 2007.
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Escrita em 2005, “Azul Resplendor” foi descoberta pelos diretores Renato Borghi e Élcio Nogueira Seixas quando eles percorreram países ibero-americanos, entre 2008 e 2009, com o projeto Embaixada do Teatro Brasileiro, que promovia o intercâmbio entre dramaturgias.
“Coletamos mais de 1.200 peças. Muita gente busca autores nos EUA ou no Reino Unido e não tem noção desse repertório muito rico. No dia seguinte [após ler o roteiro], Eva me disse: você está com uma joia na mão”, afirma Borghi. Segundo ele, a Funarte prepara a publicação de 200 desses textos.
“Quando a gente pensa no Peru, pensa em um tipo de teatro mais mítico, folclórico. Quando li o texto, pensei que, de tão urbano, ele poderia estar muito bem na off-Broadway”, conclui Elcio.