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Em meio a turbulências, presidente da Oi entrega carta de demissão a conselho

O presidente executivo da Oi, Marco Schroeder, entregou ontem sua carta de renúncia ao conselho de administração da operadora, um mês após começar a se desentender com os acionistas da tele, que está em recuperação judicial desde junho de 2016. A saída de Schroeder aprofunda a crise na empresa, que tem assembleia agendada para o dia 7 de dezembro para definir o futuro da companhia.

Na carta, obtida pelo Estadão/Broadcast, o executivo atribui a saída a alterações profundas recentes no conselho da tele. Ele menciona ter vivido, junto a seus colegas de diretoria e conselho, grandes desafios e dificuldades nos meses recentes. O diretor jurídico da companhia, Eurico Teles, vai assumir o cargo interinamente.

Ainda na carta, Schroeder faz referência à sua remuneração, lembrando que seu contrato é regido pela CLT. O executivo pede para que seu desligamento seja encaminhado sem justa causa e cita também ter atingido uma meta prevista em contrato, a qual não teria sido paga.

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O presidente da Oi, conforme fontes de mercado, deveria receber comissão de sucesso relacionado à aprovação de plano de reestruturação, com menor grau de diluição dos acionistas.

Disputa
Schroeder estaria se desgastando com os maiores acionistas da companhia – o fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure, e a Pharol (antiga Portugal Telecom). Nesta semana, o conselho de administração apresentou uma nova versão desse plano, que pretende aprovar na assembleia do dia 7.

Uma fonte do governo afirmou ontem que o executivo tinha apoio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da Justiça para continuar no cargo, mas que a pressão do conselho deve pesado para o pedido de demissão.

Na esteira da notícia, as ações ordinárias da Oi fecharam em queda de 4,5%, a R$ 4,63. As preferenciais recuaram 2,44%, para R$ 4.

Esta é a segunda troca de presidente em um ano e meio. O anterior, Bayard Gontijo, apresentou sua renúncia no dia 10 de junho de 2016, dez dias antes de a Oi entrar com pedido de recuperação da Justiça. À época, a saída de Gontijo foi atribuída a desentendimentos com os acionistas da Pharol.

Procurada, a Oi não se manifestou. O fundo Société Mondiale disse esperar que a normalidade do processo de recuperação não seja comprometida.

Plano
Conforme os novos termos do plano da Oi, aprovado pelo conselho de administração nesta semana, a capitalização na empresa pode totalizar R$ 11 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões pela conversão das dívidas em ações e R$ 8 bilhões pela injeção de novos recursos.

Nesse caso, o aporte dos bondholders (detentores de títulos) subiria de R$ 3,5 bilhões previstos na versão anterior para até R$ 5,5 bilhões. Já o desembolso dos acionistas seguirá em R$ 2,5 bilhões. Além disso, a capitalização seria automática após a aprovação do plano em assembleia e não dependerá de chamamento por parte do conselho.

No entanto, o plano apresentado pelos acionistas encontra resistência dos principais credores internacionais, do governo e dos bancos públicos. Fonte ligada aos bondholders afirmou ontem que a saída de Schroeder pode complicar ainda mais as negociações com a tele, que tem dívida de R$ 64 bilhões.

Segundo uma fonte, a assembleia da Oi marcada para o dia 7, se ocorrer, não deverá votar o plano. A aposta é que ela será adiada para fevereiro.

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