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Bolsa despenca e dólar dispara um dia após o resultado da eleição

Bovespa chegou a cair mais de 6% | Divulgação
Bovespa registrou forte queda nesta segunda-feira | Divulgação

O dólar disparou mais de 2,5% nesta segunda-feira, maior avanço em quase três anos, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) deixar os investidores apreensivos com o futuro da política econômica do país.

A moeda norte-americana subiu 2,68%, a R$ 2,5229 na venda e, na máxima do dia, chegou a avançar 4,21%, a  R$ 2,5605. Foi a maior alta diária no fechamento desde 23 de novembro de 2011, quando subiu 2,94%.

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Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.

Na sexta-feira, a divisa norte-americana havia caído 2,26% em meio a rumores de que o desempenho nas urnas do candidato Aécio Neves (PSDB), derrotado por Dilma no domingo, poderia ser melhor.

«O mercado está operando no escuro», afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira. «Nós sabemos quem é a presidente, mas agora queremos saber quem é o ministro da Fazenda e como de fato vai ser esse próximo governo. Só aí vai dar para saber onde o dólar vai se acomodar».

Dilma, cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados financeiros, foi reeleita no domingo.

Apesar de a presidente ter acenado com o diálogo, investidores mostravam-se céticos. Segundo analistas, os mercados financeiros devem continuar voláteis até que ela dê sinais concretos de que está disposta a mudar a política econômica.

Em seu discurso após a reeleição na noite passada, a presidente disse que faria «ações locais, em especial na economia, para retomar o nosso ritmo de crescimento».

De acordo com analistas, o mercado já havia parcialmente precificado a vitória de Dilma ao levar o dólar da casa de R$ 2,20 a R$ 2,50 de setembro para cá, e que a divisa deve continuar por volta de R$ 2,55 até que fique mais claro como será o próximo governo.

Alguns, no entanto, eram bem mais pessimistas e chegaram a acreditar que a moeda norte-americana pode ir a R$ 2,70 no curto prazo.

«Tipicamente, o mercado precifica o risco eleitoral bem antes das eleições», escreveu em relatório o estrategista para mercados emergentes do Citi, Dirk Willer.

Equipe

Uma outra questão que os mercados vão querer ver resolvida é a formação da nova equipe econômica. Segundo publicou a Reuters na véspera, Dilma quer manter Alexandre Tombini à frente do Banco Central e deve convidar o empresário Josué Gomes para assumir o Ministério do Desenvolvimento. No ministério da Fazenda, os nomes que ela trabalha são do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.

Operadores consultados pela Reuters preferem Barbosa a Mercadante e querem saber, também, se o atual secretário do Tesouro, Arno Augustin, será substituído.

«Se houver um ministro menos favorável ao mercado, o real vai se desvalorizar ainda mais. E se o ministro agradar o mercado, o câmbio pode se acomodar», afirmou o operador de câmbio de um importante banco nacional.

Especialistas apontavam ainda, agora com a reeleição de Dilma, que o Banco Central deve continuar em 2015 com o programa de intervenção no câmbio, iniciado em agosto do ano passado. E isso certamente será importante na cotação do dólar.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3,1 mil contratos para 1º de junho e 900 contratos para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,2 milhões.

O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 85 por cento do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.

Analistas lembram ainda que a perspectiva é que, no futuro, o dólar volte a ser pressionado, dessa vez pelo cenário externo. A perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos no próximo ano tem preocupado investidores, que temem que recursos atualmente aplicados em mercados como o Brasil migrem para a maior economia do mundo.

Bovespa fecha em queda de 2,77%

A Bovespa fechou no menor patamar desde abril nesta segunda-feira e com forte giro financeiro, um dia após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, em meio a ajustes de posições e expectativa sobre como a petista vai lidar com os desafios no campo econômico em seu segundo mandato.

A queda, contudo, foi bem mais amena do que previa a parcela mais pessimista do mercado, que esperava o acionamento do circuit breaker, mecanismo que interrompe os negócios quando a queda supera os 10%. Nem na mínima da sessão, o Ibovespa chegou perto disso.

De acordo com dados preliminares, o Ibovespa fechou em baixa de 2,77%, a 50.503 pontos, após marcar 48.722 pontos no pior momento pela manhã, em queda de 6,2%. O volume do pregão somou R$ 17 bilhões.

Profissionais do mercado ouvidos pela Reuters explicaram a queda mais branda citando que o Ibovespa ficou barato em dólar, o que atrai fluxo externo, assim como houve busca por pechinchas diante da queda mais forte na abertura e também alguma antecipação nos últimos pregões com apostas na reeleição.

O Bank of America Merrill Lynch também notou que investidores que buscam assumir posição de longo prazo («long only») não estavam vendendo agressivamente, enquanto os fundos de hedge estavam cobrindo posições. Também citou que a maioria dos retornos que recebeu de agentes do mercado indicam que investidores estão olhando mais a lista de compras, do que a de vendas.

«O Ibovespa deve ficar nesse intervalo de 48 mil a 52 mil pontos até que Dilma consiga identificar para o mercado quem estará na Fazenda, se é capaz de dar mais credibilidade (para a política econômica), particularmente na parte fiscal», avalia o sócio e fundador da Humaitá Investimentos, Frederico Mesnik.

As ações da Petrobras responderam pela principal pressão negativa no índice, encerrando com a maior queda desde novembro de 2008 e voltando a preços de março deste ano.

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