O desemprego encerrou 2013 no menor nível da história, mas a inflação corroeu os ganhos salariais dos brasileiros no ano passado.
A taxa de desemprego no país caiu para 5,4% na média de 2013, a menor desde 2002, início da série histórica do o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O aumento do número de pessoas fora da força de trabalho e que não procuraram emprego ajudou a empurrar a taxa para baixo.
Os inativos cresceram 1,6%, acima da população em idade ativa, que aumentou 1% em relação a 2012. “Com menos procura, houve menos pressão sobre o mercado de trabalho”, disse Adriana Beringuy, técnica do IBGE.
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Somente em dezembro, 33 mil pessoas saíram do mercado de trabalho. Como o número de empregados aumentou em 37 mil, a população desempregada caiu em 70 mil pessoas.
No mês passado, a taxa de desemprego caiu para 4,3% , depois de se situar em 4,6% em novembro. Foi o menor resultado desde março de 2002.
Já a média anual do rendimento subiu 1,8%, menor avanço desde 2005, quando ficou em 1,5%. Em dezembro o rendimento foi a R$ 1.966,90, queda real de 0,7% sobre novembro mas, em comparação com dezembro de 2012, houve alta de 3,2%.
A inflação mais elevada teve impacto na evolução do rendimento. Em 2013, o IPCA, índice oficial de inflação do país, subiu 5,91% em 2013, superior à taxa de 5,84% de 2012.
“Isso pode se dever à inflação, mas também ao menor poder de barganha do trabalhador junto ao empregador com uma economia menos aquecida”, diz Adriana.
Análise – O que está por trás dos números
A leitura direta da taxa de desemprego de 5,4% em 2013 na média, a menor desde sua implantação em 2002, pode dar a impressão que a atividade econômica no Brasil como um todo está em franca expansão. Entretanto, esta não é a realidade retratada, por exemplo, pelos indicadores de crescimento da economia (PIB).
Esta contradição pode ser explicada pelo o que está acontecendo na sociedade brasileira que, por consequência, acaba se refletindo no mercado de trabalho. Justamente na última década, por exemplo, tem crescido o contingente da chamada “geração nem-nem”. Pesquisas mostram que um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos nem trabalha e nem estuda.
Os integrantes dessa geração são vítimas do problema estrutural que a economia brasileira se defronta, levando esses jovens a desistirem de procurar trabalho, o que os deixa fora das estatísticas de desemprego. Assim, com menor oferta de mão de obra no mercado, o índice de desemprego cai, e diante da necessidade da força de trabalho por parte das empresas, os salários naturalmente tendem a subir.
Otto Nogami – Professor de economia do Insper e sócio da Nogami Participações