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Acusado de racismo em festival de cinema, Vazante chega aos cinemas

Foi somente aos 58 anos que Daniela Thomas, codiretora de “Terra Estrangeira” (1995) e “Linha de Passe” (2008), se sentiu preparada para estrear solo na função de cineasta.

O resultado é “Vazante”, que chega nesta quinta-feira aos cinemas após causar rebuliço no último Festival de Brasília.

Inspirado na história de um “tataratio” distante de Thomas, o filme narra o casamento de uma menina de 12 anos (Luana Nastas) com um senhor de escravos de 50 anos (Adriano Carvalho) em uma Minas Gerais às vésperas da Independência do Brasil. Enquanto ela não menstrua, ele continua a estuprar seguidamente a mesma escrava (Jai Baptista).

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O longa não faz qualquer ressalva ao violento período do Brasil Colonial, apresentando a história de maneira crua, em preto e branco, sem música ou artificialismos de iluminação, a partir da opressão de gênero das mulheres brancas.

Esse ponto de vista foi o centro da discórdia no debate em Brasília, no qual parte do público acusou a trama de racismo por não conferir subjetividade ao sofrimento do povo negro, submetido à escravidão durante o período.

Em várias entrevistas, Daniela afirmou que seu objetivo com o filme era sublinhar as raízes perversas e violentas da sociedade brasileira.

“‘Vazante’ me representa, é a minha visão do mundo de horror que nos fez, brasileiros de todos os tons, e que ainda causa dor, como se pode ver tão explicitamente. (…) Eu filmei a história que queria contar, que me surgiu a partir das histórias que ouvi sobre meus antepassados, e que acredito ter o poder de transformar-se numa reflexão sobre a questão da miscigenação espúria e violenta que formou a nossa sociedade, uma violência que se perpetua”, escreveu ela, no mês passado, na revista “Piauí”. 

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