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Os efeitos do horário de verão sobre a obra The Clock

André Porto/Metro

«É um caso de vida interferindo na arte», diz o artista suíço-americano Christian Marclay sobre os efeitos que sua videoinstalação, «The Clock», vai sofrer com a mudança para o horário de verão no Brasil neste final de semana. Em exibição na recém-inaugurada nova sede do Instituto Moreira Sales, na Paulista, a obra é um recorte de várias cenas do cinema, sempre com um relógio à mostra, que totaliza 24 horas de duração.

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A projeção fica disponível em datas selecionadas a partir das 10h até as 20h do dia seguinte, período em que qualquer visitante pode conferir a instalação no IMS. Por isso, na virada deste sábado, 14, para domingo, 15, quando estará em exibição, a obra também sofrerá o salto de uma hora.

«Já havia acontecido em outra ocasião. O computador interno pula uma hora sem problemas», explica o artista em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, por e-mail. Por segurança, porém, um técnico estará de plantão caso algo dê errado. «Os visitantes perderão uma hora, você terá que voltar na semana seguinte para vivenciar o período entre meia-noite e uma da manhã.»

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Marclay não fica triste com a interferência. «Faz parte de The Clock. Permite que sua agenda e sua vida se tornem parte do trabalho. Você se torna um ator.»

O relógio de cada uma das cenas, recortadas para a videoinstalação, mostra, exatamente, o horário real. Ideia antiga de Marclay, a montagem do filme demorou três anos para ser finalizada, até sua estreia na galeria White Cube, em Londres, em 2010. Desde essa época, já rodou o mundo em 25 exibições, passando por museus como o Centre Pompidou, em Paris, e o MoMA, em Nova York.

Após a projeção deste sábado, o IMS ainda vai exibir as 24 horas de The Clock por mais cinco vezes, em 21 e 28 de outubro e em 4, 11 e 18 de novembro. Depois de São Paulo, «The Clock» segue ainda para Tel-Aviv e vai, na sequência, para o Tate Modern, retornando a Londres.

Por mais fascinante que seja a obra para o visitante, o artista não recomenda «maratonas» de «The Clock». «Não é uma prova de resistência. Eu prefiro que as pessoas venham em diferentes vezes e negociem sua própria agenda com The Clock», explica ainda Marclay.

Não por acaso, toda a instalação tem uma disposição de sofás que difere do cinema, com mais espaço para circulação. «Diferentemente de um filme tradicional, você pode entrar e sair quando quiser e ficar por quanto tempo desejar, mas eventualmente a vida real vai tirar você dali», afirma. «The Clock é sempre um lembrete de quão atrasado você está para o seu próximo compromisso.» As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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