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Blitz volta ao Rock in Rio com hits e novas canções

Catapultada pelo sucesso de três discos e hits radiofônicos como «Você Não Soube Me Amar», «Weekend», «Betty Frígida» e «A Verdadeira História de Adão e Eva», a Blitz era a banda brasileira mais esperada do público do primeiro Rock in Rio, superando os Paralamas, o Barão Vermelho e o Kid Abelha. Passados 32 anos, o rock à carioca liderado por Evandro Mesquita está de volta ao festival, ancorado não só nos tempos idos, mas também no CD que lançaram este ano, «Aventuras II», uma ponte com o LP de estreia, «As Aventuras da Blitz 1» (1982).

O show será neste sábado, 16, no Palco Sunset, local de encontros entre artistas sob curadoria do músico Zé Ricardo. A Blitz recebe Alice Caymmi e o guitarrista Davi Moraes, que fizeram participações especiais em «Aventuras II». No repertório, além dos clássicos dos anos 1980, incluindo «Biquíni de Bolinha Amarelinha» e «Egotrip», composições novas, parcerias com Davi (Nu na Ilha) e com Frejat (Baile Quente, também do tecladista Billy Forghieri, e no Rock in Rio com participação dos grupos AfroReggae e US Blacks) e a regravação de «um samba de breque com pegada Blitz», Rei do Gatilho (Moreira da Silva/Miguel Gustavo).

«É legal mostrar os sucessos, mas também o que a gente está fazendo agora. Vamos ter essa audácia que botar umas músicas novas. É bom surpreender, é o que instiga e o que mantém a banda fresca», diz Evandro, que conversou na semana passada com o jornal «O Estado de S. Paulo», em casa, no bairro do Itanhangá, com os sobreviventes Billy e Juba (bateria) – a banda é completada por Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo), Andréa Coutinho e Nicole Cyrne (backing vocals).

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«O que é bonito é que nos nossos shows tem uma galera que acompanhou a nossa história, mas também uma garotada que descobriu a banda através do pai, da internet, até crianças. Canta junto, sabe as letras. Quando a gente começou, só tocava de noite, em bar. Depois que tocou bem no rádio, veio muito fã criança, e a gente começou a fazer matinê. Era quase o mesmo show, só com menos palavrão», conta o vocalista.

As lembranças de 1985 ainda estão bem vivas na Blitz. O convite para o festival. A sensação de que Roberto Medina (o idealizador) era um sujeito louco, que garantia a presença de astros internacionais nunca vistos por aqui, logo trocada pela certeza de que o Rio vivia o maior acontecimento musical com que se podia sonhar.

Os dois shows, um na noite que tinha como atrações maiores Nina Hagen e Rod Stewart; outro, antes do B-52’s e do Yes. A energia de celebração da juventude e do novo Brasil que se avizinhava. O backstage movimentado, com «os internacionais de Boeing e os nacionais de monomotor», brinca Juba, referindo-se à disparidade na tecnologia do som das bandas, e os seguranças a impedir o contato dos músicos brasileiros com os ídolos de fora. A chuva forte que veio em «Mais Uma de Amor (Geme Geme)», logo após os versos «seja sob sol/ ou debaixo de chuva». «Parecia um efeito especial, a Blitz, a última atração nacional a tocar, fazendo chover no Rock in Rio», recorda-se Billy.

Para Zé Ricardo, o Sunset verá um encontro de gerações na plateia, e a Blitz terá uma oportunidade de ampliar seu público. «Existe uma geração de artistas que viveu, curtiu e foi influenciado pela Blitz. Alice tem o humor e a teatralidade das performances da banda, que faz pensar com suas letras, usando humor e irreverência. Esse momento atual é perfeito para o que a Blitz tem a dizer, precisamos disso», ele aposta, comparando o cenário nacional de 1985, em plena abertura pós-ditadura, e o atual, em que o País vive grave crise ética, política e econômica.

Em 1985, Evandro saudou o então futuro presidente (não empossado) Tancredo Neves ao fim do show. Hoje, acredita, a hora é de gritar a insatisfação generalizada. «São dois momentos diferentes, mas com astral parecido: a gente não aguenta mais a velha política, esses escândalos a cada dia, essa grana toda desviada do SUS, da educação, do transporte. A luta da Amazônia é algo que a juventude deve abraçar, é hora de ter voz ativa, engrossar o coro da virada de mesa.»

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