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História em quadrinhos ‘Dodô’ traz misto de delicadeza e impacto

Um pássaro que Laila nunca tinha visto e que não consegue entender entra na vida da menina de 6 anos e bagunça tudo. A mesma confusão é provocada na vida de Laila pelo divórcio dos pais dela. É essa conexão entre realidade e fantasia que guia a trama de “Dodô”, graphic novel escrita, desenhada, colorida e criada pelo jovem quadrinista Felipe Nunes.

A história trata da solidão, da desilusão e do medo a partir do ponto de vista de Leila – por isso, os diálogos são simples, diretos e escassos. A beleza de ‘Dodô’ está justamente nos silêncios nas 80 páginas da história.

“Dodô” foi criada em 2015, segundo projeto de autoria de Felipe, que já havia sido premiado em seu trabalho de estreia, ‘Klaus’. À época, porém, ela foi impressa e distribuída de maneira independente – atingindo, portanto, um público menor do que esta nova versão, distribuída pela Panini e com uma grande novidade: as cores, já que a primeira versão chegou aos leitores em preto e branco.

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“Ser jovem me permitiu abordar facetas que não estavam sendo trabalhadas em geral nas HQs. Essa é uma história sobre solidão e tenho certeza de que muita gente se identifica.” – Felipe Nunes, autor de «Dodô».

“O gibi colorido me deixou inseguro. Era a primeira vez que eu trabalhava com cores e fui descobrindo o impacto delas aos poucos, mas no fim elas casaram muito bem com a história, era como se tivessem sido pensadas juntas, o que tornou a história muito mais direta. O cenário fica mais escuro nas partes dramáticas da história, por exemplo, e isso foi uma experiência muito boa”, diz Felipe Nunes.

“Dodô” é conduzido com muita delicadeza por Nunes e deixa qualquer leitor de coração mole – até com o personagem-título, que ao mesmo tempo é divertido e agressivo. O poder de impacto da narrativa se justifica pela originalidade do tema – graphic novels não costumam tratar sobre a inocência – e pela experiência de Felipe, na qual a protagonista da HQ, Laila, foi inspirada.

“Quando criança eu era muito sozinho e passei por uma experiência muito semelhante. Ter escrito aos 20 anos me permitiu abordar isso com mais proximidade, com um ritmo, uma cadência e de uma forma que talvez eu não conseguiria atualmente”, diz Felipe Nunes. Eleita uma das melhores HQs nacionais em 2015 por nomes como Fábio Moon e Gabriel Bá, quando ainda era preto e branca, “Dodô” se torna mais indispensável agora, em cores.

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