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‘Nós Somos as Melhores!’ retrata garotas punks da Suécia dos anos 1980

No passado o enfant terrible do cinema sueco, Lukas Moodysson viveu altos e baixos desde seu primeiro longa, o ótimo “Amigas de Colégio” (1997).

Ele transitou entre o experimentalismo (no péssimo “Um Vazio em Meu Coração”, que copia a estrutura de reality show) e o mundo global (em “Corações em Conflito”, com Gael García Bernal e Michelle Williams) – nenhum com resultado digno de nota. Em seu novo trabalho, “Nós Somos as Melhores!”, comédia melancólica sobre o punk do início dos anos de 1980, ele volta ao assunto de sua estreia.

Baseado numa HQ da mulher de Moodysson, Coco Moodysson, o enredo acompanha um trio de jovens adolescentes em Estocolmo que encontrou na cena punk uma saída para suas vidas de classe média sem rumo. Bobo (Mira Barkhammar), de olhar triste e aparência andrógina (que em algo lembra o Harry Potter) vive com a mãe divorciada e recebe visitas do pai. Sua melhor amiga é Klara (Mira Grosin), rebelde e dona de um visual extravagante.

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Numa cidade onde o frio é uma constante e os idos de 1980 um tempo de incompreensões, as garotas encontram no movimento punk o lugar onde levantar as questões que as afligem – indo na contramão da banalidade que as cerca e desafiando os adultos. De um lado, a repressão da vida acomodada de classe média, de outro, um certo fanatismo religioso da mãe de Hedvig (Liv LeMoyne), uma garota bem comportada que acaba tornando-se amiga da dupla, e com elas forma uma banda.

Tal qual em “Amigas de Colégio”, Moodysson e sua mulher (que parece ter sido a inspiração para Bobo) testam os limites do feminismo. Mas Bobo, Klara e Hedvig são frutos de uma época e uma sociedade patriarcal – e o diretor do filme é um homem –, então, até que ponto são capazes de se libertar das amarras de seu tempo? Fora as convenções que emergem quando um garoto entra em cena e desperta a paixão tanto em Klara quanto Bobo.

Mesmo se não conseguem ir muito longe, as meninas tentam. E como tentam, com suas vozes estridentes e uma canção de protesto – chamada “Hate the Sport”, na qual misturam bombas atômicas e partidas de tênis, numa crítica à burguesia. Em tempos de ascensão da direita, tanto na Europa quanto na América do Sul, fenômeno que também inclui jovens, é inspirador ver um filme sobre uma juventude rebelde que encontra no simples ato de montar uma banda a válvula de escape e a forma de expressão com a qual luta pelos seus direitos e desejos.

 
Veja o trailer:

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