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Vida do estilista Yves Saint Laurent chega aos cinemas

Consagrado como genial, o estilista francês Yves Saint Laurent (1936-2008) recebeu duas cinebiografias neste ano. A primeira, de Jalil Lespert, teve a bênção do companheiro e empresário dele, Pierre Bergé. A segunda, de Bertrand Bonello, valeu-se do caráter não autorizado para apostar na ousadia ao retratar a fase criativa mais intensa do estilista, entre os anos 1960 e 1970.

Como bem avaliou a revista americana “Variety”, é como se a primeira fosse a coleção prêt-à-porter, de consumo fácil e rápido, enquanto a segunda é sua sofisticada versão haute-couture. “Saint Laurent”, que estreia nesta quinta-feira, revela-se de fato mais intenso ao rejeitar a tentação de explicar o gênio e apostar no sensorial em torno dele durante o período em que viveu regado a drogas, álcool e sexo e no qual ousou colocar uma mulher em uma roupa até então exclusivamente masculina.

Esse caráter transgressor é uma constante dos personagens do diretor Bertrand Bonello. “Eles são mais vivos e interessantes. Tudo que sai da norma é mais tocante”, afirma. “O que mais me interessou nele foi a melancolia, porque é alguém que tem tudo para ser feliz, mas não é.”

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Gaspard Ulliel foi o escolhido para interpretar o papel. “Pouca gente sabe que, ao mesmo tempo que era tímido, frágil e repleto de dúvidas que faziam parte de sua faceta artística, Yves tinha uma grande confiança em si”, diz o ator. Seu trabalho foi equilibrar esses dois aspectos com um toque pessoal – um pedido do diretor, que desejou ver a cena dividida 50% para ele, 50% para Saint Laurent.

“No começo isso me pareceu um pouco turvo,  mas depois entendi: o essencial de meu trabalho é me aproximar o máximo possível do gestual, do físico e do saber de Yves, mas resguardando minha sinceridade e verdade, algo muito pessoal. Quando vejo o filme tenho a impressão de estar nu”, diz Ulliel.

O ator chama a atenção  para a forma como o estilista respondia a inquietações de sua época com a moda. “Ele se protegia muito do mundo exterior, mas isso não o impedia de captar seu tempo. Ele tinha um senso de observação muito ativo e conseguiu antecipar a evolução da sociedade ao propor uma roupa que traduz uma mulher que se emancipa, que trabalha fora e afirma sua sexualidade”, diz.

O fato de Bergé ter rejeitado colaborar libertou Bonello para temperar o filme com criatividade a partir da reconstrução dos figurinos do zero e da ficcionalização de diálogos de Yves com amigas icônicas como Loulou de la Falaise (Léa Seydoux) e Betty Catroux (Aymeline Valade) e o amante Jacques (Louis Garrel).

A mistura deu certo: após disputar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o longa foi escolhido para representar a França na disputa ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

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