Quando o poeta Reynaldo Jardim (1926-2011) viu Maria Bethânia aos 18 anos interpretar “Carcará”, no palco do Teatro Opinião, logo se encantou. Impressionado com a força dramática do canto da jovem intérprete, ele se dedicou nos três anos seguintes a um poema polifônico, “Maria Bethânia Guerreira Guerrilha”.
Desconhecida no Rio de Janeiro, a irmã de Caetano Veloso foi convidada a substituir Nara Leão no espetáculo e sua postura no palco tocou a todos que tiveram a sorte de presenciar essa cena, tornando-se assim a inspiração na criação de Jardim.
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A publicação teve apenas mil cópias lançadas e a falta de sorte de chegar ao mercado apenas 15 dias antes do fatídico AI-5. Como consequência da repressão da época, grande parte dos livros foi confiscada e queimada, com a justificativa de a publicação ser subversiva e pornográfica. A situação foi tão delicada que Jardim e Bethânia ainda foram presos e interrogados por militares.
O livro-poema virou artigo de raridade e uma versão original da obra poderia ser encontrada na Internet por até R$ 6 mil. “Por toda essa história e por não encontrar mais exemplares do livro é que decidimos relançar o material”, conta Marcio Debellian, que ao lado de Ramon Mello conseguiu em 2011 comprar os direitos da obra e prensá-la novamente. “O livro representa um compromisso com a beleza e a liberdade”, analisa Debellian.
Essa segunda versão se esgotou rapidamente e agora uma terceira prensagem chega às lojas. Para celebrar a marca, a cantora faz nesta terça-feira e na quarta um recital especial de “Bethânia e as Palavras”, num roteiro que une literatura, música e dramaturgia de nomes como Guimarães Rosa, Manuel Bandeira e Paulinho da Viola. A abertura do espetáculo é dedicada a Reynaldo e o autor ainda será homenageado com a apresentação de seu poema “O que se Odeia no Índio”.
Serviço: No Theatro Net – Shopping Vila Olímpia (r. Olimpíadas, 360, Vila Olímpia; tel.: 4003-1212). Terça e quarta, às 21h. Ingressos esgotados.