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Diretor Luc Besson lê o Metro Jornal, após roubá-lo da empregada

O diretor Luc Besson, de "Lucy" | Reprodução
O diretor Luc Besson, de «Lucy» | Reprodução

Em seu novo filme, «Lucy», Luc Besson – estrelado por Scarlett Johansson – explora o que um ser humano faria se fosse capaz de poder usar 100% da capacidade de seu cérebro e acessar uma infinidade de possibilidades de sua mente. Em uma entrevista exclusiva, o premiado diretor diz ao Metro Jornal porque ele não acredita em Deus, como acabar com uma guerra, e porque ele rouba nosso jornal de sua empregada.

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Eu cresci assistindo aos seus filmes. Pessoalmente, acho «Lucy» um dos melhores. Você concorda?
Já estava na hora de eu fazer um filme bom. (risos) Sim, eu acho que sempre tentei progredir, seguir em frente e fazer meu melhor, para aprender. Penso que, quando você chega aos 50 e você fez mais de 15 filmes, tende a ficar mais preciso. E sim, eu amo este novo filme.

Além disso, eu acho que todos os outros filmes estavam construindo este. Eu mesmo notei algumas referências a seus longas anteriores. Isso é intencional ou uma coincidência?
Penso que isso é como uma história de amor. Você vai se enlaçando com mulheres diferentes até encontrar a certa. O ponto é mostrar que é possível fazer um filme de entretenimento com conteúdo filosófico, e isso é exatamente o que tenho tentado fazer. Há um pouco de «A Árvore da Vida» [de Terrence Malick]. Todos os filmes que eu trabalhei tem a minha marca, e «Lucy» contém traços de tudo o que já fiz.

Então, o que vai acontecer com Lucy quando ela atingir os 100% da capacidade do cérebro?
Ela vai controlar o tempo, então estará em qualquer lugar. Quando falamos sobre criadores e deuses, é o modo que acredito como um verdadeiro deus é. Ele está em todo lugar, o tempo todo, e nunca podemos vê-lo. Então, para nós, Lucy se torna Deus. De um ponto de vista bem científico, ela chega a um nível que está capacitada para viajar no tempo.

Você acredita em Deus?
É muito difícil para mim acreditar em algo que nunca vi. Todo mundo fala sobre isso há dois mil anos, mas ninguém viu isso. Eu acredito no mistério. Eu acredito que nós provavelmente sabemos cerca de 1% da história do universo. Com certeza. E vamos de descoberta em descoberta. Vamos voltar quatro mil anos atrás. Alguns religiosos empurravam garotas virgens em um grande buraco para matá-las assim que o sol aparecesse. Se você faz isso hoje em dia, será colocado em uma jaula e todos vão pensar que você fez uma coisa terrível. Mas isso era aceitável há quatro mil anos. Então, o que pensamos de nossas religiões de quatro mil anos atrás até hoje? Muitas das práticas religiosas de hoje provavelmente parecerão estúpidas e perigosas no futuro.

Eu vi nosso jornal em seu filme – duas vezes! Obrigada pela divulgação.
De nada. O Metro Jornal é sempre bom e confiável.

Então você lê o Metro?
Sim, às vezes. O fato engraçado é que eu tenho uma empregada em casa, e toda manhã ela leva o jornal ao trabalho porque ela o lê no metrô. Então eu roubo dela.

O que mais você lê?
Devido ao meu trabalho eu adoro comprar vários jornais e revistas. Eu amo apenas passar os olhos por eles. Eles me ajudar a entender o que se passa por aí. E eu preciso disso. Então eu me alimento de tudo.

Alguma dica para aspirantes a escritores?
Oh, meu Deus! Provavelmente a primeira coisa é ser honesto consigo mesmo. É muito difícil colocar algo no papel e admitir que aquilo não é bom o suficiente. É muito difícil ser honesto com suas próprias coisas. A segunda é aguçar os seus sentidos e tentar e observar tudo. Há um monte de histórias a sua volta. Dias atrás eu estava no parque esperando uma pessoa que estava cinco minutos atrasada. Então eu vi uma senhora, que andava lentamente, provavelmente a 50 metros por hora. Ela era muito lenta e muito velha. E, ao mesmo tempo, havia um corredor, que deu três voltas no parque – e passou pela velhinha por três vezes. Havia tanta vida naquele momento, tanta coisa a se dizer.

É sabido que você geralmente foca em protagonistas mulheres, mas você pode explicar porque Lucy é uma mulher e não um homem?
O interessante de Lucy é que pode ser sobre qualquer pessoa. Ela é realmente uma pessoa simples em uma história terrível. Isso pode acontecer com você, comigo, com qualquer um. Poderia ser com um cara, claro. Mas pareceu mais interessante para mim usar uma mulher porque no começo ela sequer consegue lutar. Ela é muito feminina. Se ela é pega por esse cara coreano, ela não consegue combate-lo. Um homem, até certo ponto, tentaria lutar. E ele provavelmente seria morto. Então eu escolhi o pior cenário possível. Ela está longe de casa. Ela não fala a língua local. E é mulher.

É verdade que você trabalhava originalmente para ter Angelina Jolie no papel?
Eu li isso na Internet. O pessoal que escreveu isso pode responder essa questão. Quando você lê notícias na Internet você precisa ser cuidadoso, porque há uma série de invenções por lá. Muitas pessoas me perguntam se isso ou aquilo é verdade, e eu nunca respondo essas questões. Eu penso que, se você for a Internet amanhã, provavelmente vai ler uma chamada falando que o Papa é gay. Mas eu acho que nenhum jornalista foi encontrar com o Papa e perguntar isso a ele.

Após ver seu filme, eu consultei especialistas sobre o cérebro humano e eles me disseram que nossa mente trabalha o tempo todo, mas apenas 10% dela, e que se fosse usado 100%, isso poderia ser um caos. Você gostaria de ter seu cérebro trabalhando dessa maneira? Se sim, como você usaria seus poderes?
Eu acho que seria bom para toda a humanidade que pudéssemos usar um pouquinho mais dessa porcentagem. (risos) Nós provavelmente lutaríamos menos, teríamos menos guerras, e entenderíamos melhor uns aos outros. Então meu desejo para a humanidade é que pudéssemos alcançar de 12 a 15% o quanto antes. Pensando no que eu poderia fazer, eu acho que gostaria de controlar o tempo. Eu viajaria o dia inteiro.

Veja o trailer de «Lucy»:

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