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‘Teria feito tudo ao contrário’, afirma Ronnie Von, que lança biografia

“Ronnie Von – O Príncipe que Podia Ser Rei” - Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel - Ed. Planeta (158 págs., R$ 35)
“Ronnie Von – O Príncipe que Podia Ser Rei” – Antonio Guerreiro e Luiz Cesar Pimentel – Ed. Planeta (158 págs., R$ 35)

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Garoto rico do Rio de Janeiro, Ronnie Von não foi da Jovem Guarda nem da Tropicália, mas gravou discos psicodélicos e vendeu músicas melosas que não o agradavam. A vida do homem que acaba de completar 70 anos merecia um livro, contada agora em uma recém-lançada biografia, sobre a qual ele fala com entusiasmo ao Metro Jornal.

 

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Por que fazer a biografia?
Jamais quis fazer! Biografados geralmente já estão com sete palmos de terra acima deles. Porém, um dos biógrafos é amigo da família e foi me cercando até que me passou uma ideia interessante. Ela é um tipo de biografia investigativa, com pouca participação do biografado, e mostra meu lado mais humano.

E o que você pensa sobre a polêmica das biografias?
Eu disse uma coisa para os autores: “cheguem o mais próximo possível da verdade”. Quanta bobagem eu já fiz na vida e nem todas as barbaridades estão publicadas? E, se estivessem, eu não diria “não”… Se fossem verdadeiras! Não tenho a atitude comportamental de censor.

Como foi se tornar uma estrela da música?
Os anos 1960 foram uma época de idolatria. Era agressiva e complexa, chegando ao ponto de eu acordar ao lado da minha mulher e descobrir que tinha uma menina embaixo da cama. Isso me assustava, mas sempre entendi meu papel como artista.

Você teve uma educação rígida. Sentia angústia por se tornar um rockstar?
Angustiado, na verdade, não. Fui rebelde porque era apaixonado por James Dean, queria usar calça jeans rasgada. Era um cara existencialista, que andava com livro de Simone de Beauvoir embaixo do braço e lia a orelha de “Metamorfose”, de Kafka, e já achava que sabia tudo.

Sua carreira foi bem encaminhada?
Eu nunca tive alguém para se ocupar da minha vida, me ajudar sobre como agir. Eu tinha corretores para cuidar da minha carreira, isso sim.

Uma pena que seus discos da fase psicodélica foram reconhecidos tardiamente.
Eles foram uma maluquice na minha vida, um grito de desespero. Eu tinha um sonho, não aquela baboseira simplista, ingênua demais, e quando me deram uma brecha, fiz tudo o que queria num disco só [em 1969]. Quando o álbum ficou pronto, os caras ouviram e disseram: “meu Deus, isso não pode estar acontecendo!” (risos)

O que teria feito de diferente na carreira?
Meu projeto inicial era fazer o que George Martin [produtor dos Beatles] fez no disco “Revolver” (1966), mais especificamente em “Eleanor Rigby”. Aquilo era a alegria da minha vida. Eu queria mesclar rock com música erudita. Gravei com Mutantes, Caetano Veloso, mas as lojas devolviam por causa da baixa vendagem. Agora, fazer tudo de novo? Coisa nenhuma! Eu teria feito tudo ao contrário.

Muitos fãs insistem para que você volte aos palcos.
Se eu aceito fazer shows, preciso de tempo para ensaiar. Se hoje eu preciso de um dia de 86 horas, imagina fazendo show? Se me falam a palavra check-in eu já começo a me debater. Não aguento mais isso. Decisão tomada.

Por que o príncipe não virou rei?
Uma amiga comentou certa vez que eu não virei rei porque era inteligente, com um grande poder de observação. O rei geralmente é baixinho, careca, barrigudo. Já o príncipe… (risos)

 

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