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Reconhecimento: biografia do sambista Wilson Batista é lançada

Fotos: Divulgação

“Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim”. O verso de “Meu Mundo É Hoje” ficou imortalizado na voz de Paulinho da Viola, mas o autor dessa obra-prima do samba e de outras centenas delas, o sambista Wilson Baptista (1913-1968), ganha agora seu merecido reconhecimento com o lançamento da biografia “Wilson Baptista – O Samba foi sua Glória!”, de Rodrigo Alzuguir.

O livro é um rico e detalhado material sobre a história de um homem inspirado e com notas musicais correndo pelo sangue. De acordo com as pesquisas de Rodrigo, o sambista teria composto mais de 500 sambas, a maioria deles rabiscados em guardanapos e em mesas de bares da Lapa, no Rio de Janeiro.

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São composições que ganharam versões históricas nas vozes de Aracy de Almeida, como “Louco (Ele É seu Mundo)”, ou o samba-canção “Acertei no Milhar”, regravada Gilberto Gil.

Mas foi uma série de músicas envolvendo uma polêmica com Noel Rosa (1910-1937) que marcou sua carreira. O ano era 1933, quando lançou “Lenço no Pescoço” exaltando seu orgulho de ser malandro.

Os dois sambistas tinham um flerte comum, uma moça empregada em um cabaré que resolveu se engraçar com Baptista. Noel tomou as dores pela opção dela e compôs “Rapaz Folgado” como vingança. Iniciava assim uma discussão que duraria mais seis músicas. Da parte de Noel, vieram “Feitiço da Vila” e “Palpite Infeliz”. Baptista retrucou, mas perdeu a linha em “Frankenstein”, sendo amaldiçoado até os últimos dias de vida como o vilão da história.

O curioso é que, logo depois, os dois fizeram as pazes e compuseram juntos um samba que viria ser a única parceria da dupla, “Deixe de Ser Convencida”, exatamente sobre a moça em questão. “Wilson era muito mais do que as composições da disputa. Ele era único em assuntos como as relações amorosas, por exemplo. Falava de filosofia como poucos também”, salienta Alzuguir.

Há outro ponto pouco valorizado nas canções de Baptista. “Ele é um dos precursores do homem cantando sambas com o olhar feminino. Existem diversas obras em que ele mostra mulheres libertárias”, explica o autor, lembrando do “samba de mulher enganando o marido para pular carnaval.” “Temos que recordar que eram as décadas de 1930 e 1940”, ressalta o biógrafo, referindo-se ao machismo da época.

“Wilson morreu em uma entressafra, no meio de uma década que o samba não se valorizava. Pouco depois surgiu o [bar] Zicartola, o [teatro] Opinião, e então o samba voltou à ativa. Ele faria sucesso como Cartola ou Nelson Cavaquinho”, afirma Rodrigo.

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