Antes de fazer “Além da Fronteira”, que estreia nesta sexta-feira, a maior experiência de Michael Mayer com cinema era como preparador de trailers. Ele resolveu ir para atrás das câmeras quando conheceu o drama de gays palestinos em Israel. Assim nasceu o longa, que narra a história de amor entre um estudante palestino e um advogado israelense tentando ficar juntos diante de sucessivos impedimentos após o primeiro ser expulso de casa e perder o visto. O longa venceu o prêmio de melhor filme estrangeiro do último Mix Brasil.
Como foi sua aproximação com o tema?
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Soube que um amigo meu se voluntariou, em Israel, para ajudar gays palestinos rejeitados pela família e ameaçados de morte após se assumirem. Fui para lá e passei seis meses. Tive a oportunidade de conhecer um monte de gente que estava nessa situação. O filme é uma compilação de histórias. Tudo ali realmente aconteceu, mas não com alguém em particular.
Você lida com dois temas difíceis: o conflito árabe-israelense e o amor homossexual. Que cuidados você tomou ao abordá-los?
Quando ainda estávamos fazendo a pesquisa, achei que este seria um filme mais político, explicando a questão. Mas, quanto mais conhecíamos aquelas pessoas, mais sabíamos que precisávamos mudar de foco. Algumas estão no filme, em papéis pequenos. Um dos rapazes não falava com a família havia cinco anos e, quando estávamos com ele, a mãe telefonou. Não importava que ele tivesse sido preso por estar ilegal ou interrogado pelo serviço de segurança israelense… O que mais nos tocou foi o fato de a mãe dele ter falado com ele pela primeira vez em cinco anos. Essa foi a história que mais nos mexeu e esse foi o filme que quisemos fazer, sobre o impacto emocional do conflito.
Como foi a recepção do filme pelo mundo?
De início fiquei surpreso, porque começamos em um festival muito grande [o de Toronto]. Depois, fomos a festivais menores. Por onde ele passa, as reações são as mesmas, o público se conecta.
Você filmou sem permissão em Ramallah [cidade palestina]. Como conseguiu?
Senti que algumas coisas precisavam ser reais. Fizemos cenas de rua sem permissão, com uma câmera pequena, porque senão viveríamos um pesadelo logístico.