Com mais de 40 anos de carreira, Gloria Pires é taxativa sobre sua participação em “Flores Raras”, que estreia amanhã. “É, sem dúvida, um dos papéis mais ousados que já fiz”, diz. Ela se refere à arquiteta autodidata Lota de Macedo Soares (1910-1967), figura marcante das rodas sociais cariocas nos anos 1950 e 1960. O longa, que tem direção de Bruno Barreto, retrata o romance real entre ela e a poeta americana Elizabeth Bishop (1911-1979), vivida por Miranda Otto.
Apesar de não apresentar cenas de nudez, a produção vem provocando burburinho por conter cenas de amor entre as duas protagonistas. “Talvez [os meus fãs] não estejam preparados para isso, mas acho que é bom para eles se depararem e se envolverem com essa história”, afirma a atriz, que faz 50 anos no dia 23.
Recomendados
Anne Hathaway revela que sofreu um aborto e expõe o sofrimento daquelas que lutam para ser mães.
‘Vou dar um beijo na tua boca’, dispara Isabelle na última festa do BBB 24
Piada na festa do BBB 24! Web não perdoa ao ver Buda dançando
Originalmente, o longa se chamava “A Arte de Perder”. Para o diretor, o título contemplava melhor a dimensão que ele gostaria de conferir à trama. “O amor homossexual não foi a razão pela qual eu quis contar essa história. O foco tem a ver com a perda”, diz Barreto.
O diretor caracteriza as personagens como “água e óleo”. Logo no início, Bishop é retratada como um poço de fragilidade e delicadeza. Ela vem ao Brasil tentar superar uma fase ruim e acaba se contrapondo à masculinizada e decidida Lota. “Elas não poderiam ser mais distantes uma da outra. [Por isso] havia grande tesão entre elas. Para conseguir o tom certo, foquei na inversão de papéis: em um dado momento, a forte fica fraca e vice-versa”, explica.
Boa parte dos diálogos do filme estão em inglês, o que confere à produção uma vocação natural para trilhar carreira internacional. Não é à toa que “Flores Raras” teve sua primeira exibição no Festival de Berlim deste ano e já é cotado a representar o Brasil na disputa ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
No caso de Gloria Pires, esta foi primeira vez em que atuou em um idioma diferente do português. A maior preocupação do cineasta, no entanto, era outra. “Meu grande desafio era contar essa história sem perder a complexidade dela, mas de forma acessível.”