Histórias sobre redenções amorosas vêm e vão. Já os nove contos da coletânea “É Assim que Você a Perde”, de Junot Díaz, triunfam.
Recém-lançado no Brasil, o novo livro do autor vencedor do Pulitzer por “A Vida Breve de Oscar Wao” traz relatos não-lineares de toda sorte de amor, seja ele fraternal, paternal ou romântico, a partir de personagens que nos lembram o tempo inteiro do poder da autopreservação.
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Apesar de não estar explicitamente presente em todas as histórias, Yunior – apresentado na idades de 5, 15 e 20 e 30 e poucos anos – está no cerne delas. Como “o ex-namorado mais incrível do mundo”, mas “um terrível namorado”, ele nunca é um vitorioso no sentido tradicional, mas se mostra como um sobrevivente, continuamente aprendendo com seus erros.
Quais são as raízes disso? Díaz sugere que o fato de ter imigrado da República Dominicana para os Estados Unidos e ter testemunhado a morte em uma idade impressionável contribuiu para a fobia de Yunior a compromissos.
A lista de roupa suja do personagem – que não se limita ao fato de ter perdido seu irmão para o câncer, sua juventude para as responsabilidades que vieram e as namoradas para seus colegas – não é uma desculpa para seu comportamento errático e, algumas vezes, chauvinista. Mas Díaz não julga ou se envergonha dele. Prefere admitir que a pessoa mais ferida por um traidor é ela mesma, o que nos faz simpatizar com as transgressões de Yunior.
O personagem falha repetidamente em ser monogâmico. Mas será que o próprio Díaz não acredita mais nesta forma de relacionamento?
“Acho que é difícil, mas daí penso: o que não é? Dada a facilidade da nossa cultura de pular fora das coisas, essa opção fica ainda mais complicada. Acho que o verdadeiro debate é o quão honestos nós conseguimos ser com nós mesmos e com os outros.”
E haveria algum tipo de receita para ir em frente após o fim de uma relação? “Coração partido é um dos nossos maiores desafios. Superá-lo é algo que define nosso caráter. Minha sensação sempre foi de que, se você sente dor, a única coisa que pode fazer é senti-la. É meio simplista, mas nunca encontrei nada mais que tenha funcionado.”