Coronavírus

Crianças não fazem o que falamos

A forma como vivemos nossa  infância tem relação direta com a maneira como criamos os nossos filhos. Quem garante é a psicoterapeuta inglesa Philipa Perry, autora de “O Livro que você gostaria que seu pais tivessem lido (e seus filhos ficarão gratos por você ler)”. Ela viria ao Brasil para lançar no último dia 19 a obra recém traduzida para o português, mas foi obrigada a cancelar o compromisso por causa da pandemia do coronavírus.

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Segundo Philipa, é preciso tomar cuidado com os padrões de comportamento e personalidade que herdamos e que podemos repassar às crianças. «Se você tiver o hábito de se cobrar demais e se repreender, é possível que seus filhos adotem esse mesmo comportamento prejudicial», diz. Ela começa o livro lembrando que o clichê que diz que as crianças não fazem o que falamos, fazem o que fazemos é completamente verdadeiro.

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De acordo com a psicoterapeuta, quando você sente raiva e desconta no filho, pode estar simplesmente revivendo lembranças ruins da infância. Ela dá como exemplo a história de uma mãe, Tay, que ficou brava porque a filha Emily, de 7 anos, pediu ajuda para descer do trepa trepa. Depois, a mãe percebeu que aquilo a fazia recordar quando ela era pequena e sua mãe a tratava como princesa, carregando-a para todos os lados, o que a fazia sentir-se incapaz de fazer qualquer coisa sozinha – e Tay não queria que sua filha Emily fosse educada assim. Daí porque ficou brava e negou-se a ajudar a filha a descer do brinquedo. «Quando o comportamento dos seus filhos desperta essa lembrança, seu gatilho dispara, e você acaba gritando ou expressando qualquer que seja seu comportamento negativo habitual.»

Então, o que fazer em situações como essa? Não reagir sem pensar, dar-se um tempo para a reflexão e analisar se o sentimento negativo tem mesmo a ver com a situação e a criança no momento presente, sugere a autora. Para o caso de pais que acabam descontando no filho – ainda que isso seja contraindicado – pedir desculpas e reconhecer que se descontrolou é recomendado, afirma Philippa.

O livro fala sobre relacionamentos que temos com os filhos, com nós mesmos, com o nosso passado e o mundo ao nosso redor. “Somos apenas um elo de uma cadeia que se estende por milênios e adiante até quem sabe quando”. Mas nem tudo está perdido. Você pode aprender e remodelar os padrões familiares. Isso vai melhorar a vida dos seus filhos – e dos filhos deles. E você pode começar agora, sugere a psicoterapeuta.

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