Ou paga, ou desce!
Como aquele homem que casa com uma mulher muito bonita e, inseguro, tenta satisfazer todos os seus gostos, gastando além do que o salário permite, nossos clubes de futebol gastam mais do que podem para satisfazer a paixão, às vezes violenta, do torcedor.
O ataque não faz gols? Contrate-se mais um centroavante. O goleiro tem falhado? Que venha outro. E o resultado é essa dívida que só tem aumentado, até se tornar impagável.
Sempre foi assim, mas agora a situação é mais grave porque os valores são absurdos e há menos gente disposta a pagar a pendura. Veja como anda a situação dos maiores caloteiros: Flamengo, R$ 800 milhões; Botafogo, R$ 700 milhões; Vasco, mais de R$ 500 milhões; Atlético/MG, R$ 450 milhões; Fluminense, mais de R$ 400 milhões; Palmeiras, mais de R$ 300 milhões; Santos, R$ 300 milhões…
Pelo lucro máximo que essas agremiações podem dar por ano, eu diria que nem em mil anos estarão com a ficha limpa, a não ser que abandonem esse modelo passional de gestão. O único remédio é seguir o que já se faz na Europa e punir com o rebaixamento o mau pagador.
No Brasil, não vejo outra maneira de se passar uma régua nessas pendências crônicas a não ser reduzir drasticamente os salários do futebol, preparar e promover juvenis e começar tudo de novo, apenas com o nome, as camisas e a história de cada time.
Odir Cunha é jornalista multimídia com 38 anos de experiência, dois prêmios Esso e três da APCA. Escritor com 21 livros publicados, 10 deles sobre o Santos, é editor da Editora Magma Cultural, editor de conteúdo do Museu Pelé e dono do blog http://blogdoodir.com.br/ Escreve no Metro Jornal de Santos