O Sol da Meia-Noite
Rico, bonito, realizado na vida, neto de um dos maiores mitos da política nordestina. Eduardo Campos estava vivo na quarta-feira, às nove horas da manhã, mesmo horário que eu embarcava em Congonhas, com destino à Brasília. Quando meu avião chegou na capital federal da República, o dele já havia caído em Santos.
A comoção geral na política e no povo brasileiro, primeiro, foi causada pelo espanto de como alguém tão jovem (quarenta e nove anos), que decide disputar o cargo mais importante do país, de repente tinha assinado sua sentença de morte.
Claro que a correria da campanha pode ter sido um dos fatores determinantes para sua morte e de seus assessores. Pouco tempo antes, para justificar um atraso de uma reunião em Londrina, Eduardo dizia que o mesmo avião tinha dado um defeito, e brincava: “ainda bem que foi em terra”.
Dessa vez não foi. Caiu e explodiu. Deixou pedaços de sua fuselagem e dos corpos que estavam dentro dele e, como sempre no Brasil, o que restou da famosa caixa preta, ou aparelho parecido (um gravador de voz), não leva a nada, pois estranhamente o voo da tragédia não foi gravado.
É bem provável que, em como outras tragédias aéreas no Brasil, a verdade nunca será de fato conhecida.
Eduardo Campos seria o novo Presidente do Brasil? Ganharia a eleição? Provavelmente, não. Mas poderia ser o fiel da balança, influindo no resultado da disputa direta entre Dilma e Aécio.
E agora? Provável que a presidente Dilma é quem mais sofra com a morte do terceiro colocado da pesquisa. Aécio, nem tanto.
Agora, a emoção da morte dá a Marina Silva uma vantagem emocional antes não vista nesta disputa quase sem graça na corrida presidencial, pelo simples fato do povo brasileiro estar cansado de tantos desmandos, maus exemplos e falta de punição para muitos políticos que não inspiram confiança nenhuma. Num cenário como este, tudo pode acontecer.
A verdade, mesmo, é que, como dizia um amigo, “é impossível escurecer mais depois da meia-noite”.
jose.datena@metrojornal.com.br