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O fenômeno da ‘uberização’

A precarização da mão de obra dos apps de transporte e entrega vem sendo discutida no mundo todo

O ótimo filme “Você não Estava Aqui”, do diretor britânico Ken Loach, em cartaz em São Paulo e no Rio de Janeiro, mostra como uma família reage aos impactos da chamada “uberização” do trabalho, comum nos dias de hoje.

Esse termo diz respeito aos regimes de emprego sem vínculo, contratos, salários e horários fixos, um sistema cada vez mais comum e popularizado nos serviços de aplicativos de carros e de entregas.

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No filme (em cena acima), o pai, que trabalha como entregador para uma plataforma digital, sofre com a jornada diária estressante e a falta de tempo para se dedicar à família.

Bloqueio após 12 horas

O assunto está na ordem do dia, tanto no Brasil como em outros países. Afinal, a mobilidade urbana vem se transformando com os serviços feitos por apps diversos, seja de transporte ou de entregas.

Se por um lado essa tecnologia oferece às pessoas a facilidade de ter sempre um motorista, motociclista ou ciclista pronto a servir, por outro compromete a qualidade de vida das pessoas envolvidas nesse sistema, que trabalham muitas vezes bem mais do que doze horas seguidas. Não é raro encontrar motoristas que estão há mais de 14 horas no trânsito, a fim de assegurar o dinheiro que dá para pagar suas contas.

Há poucos dias, a Uber anunciou que vai bloquear motoristas que ultrapassarem o limite de 12 horas dirigindo em um dia. A nova função do app enviará notificações quando eles se aproximarem desse limite e não deixará os condutores aceitarem corridas caso  atinjam essa marca, desconectando-os automaticamente.

O recurso tem como objetivo a segurança dos motoristas e dos passageiros, que ficam em risco nessas jornadas longas e extenuantes, cada vez mais comuns nas grandes cidades brasileiras.

É uma medida importante, mas realmente vital e urgente é melhorar os ganhos financeiros de quem labuta diariamente, sem regulamentação e vínculos trabalhistas, para empresas de aplicativos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quatro milhões de pessoas são mediadas por plataformas digitais no país.

Repartir esse “bolo” rentável e crescente, cheio de fermento, de uma forma mais igualitária e justa, é a melhor opção para todos.

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