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Poluição é coisa séria

Olhar para fora é muito positivo, em todos os sentidos. Vislumbrar outras maneiras de viver, nos mais diferentes países, é se abrir para o novo, mudando o que já não funciona no nosso próprio canto. Em relação à mobilidade não é diferente.

Desde 2002 Londres tem o pedágio urbano, uma taxa de £ 11,50 (R$ 58) para motoristas que querem circular no centro expandido entre segunda e sexta, das 7h às 18h. Recentemente, a capital inglesa adotou outra medida: uma taxa extra, equivalente a R$ 63, para motoristas de carros mais velhos e poluentes. O objetivo é melhorar a qualidade do ar, meta de várias cidades europeias.

Uma medida aqui vista como “impopular”, a tarifa do pedágio urbano conseguiu na capital inglesa reduzir o trânsito em grande escala, aperfeiçoando o serviço dos ônibus, que andam bem mais rápido, e até melhorando a experiência de quem escolhe ir de carro. Mas o mais importante, de acordo com o prefeito londrino Sadiq Khan, é o combate à poluição: “Os poluentes do ar são assassinos invisíveis, responsáveis por vários problemas de saúde graves. Não é possível mais tolerar”, afirmou Khan recentemente.

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Em São Paulo, onde a poluição do ar é duas vezes superior ao limite tolerado pela Organização Mundial da Saúde (19 microgramas de PM 2,5 por metro cúbico), a pauta do pedágio urbano não é sequer discutida entre gestores públicos. Para se ter uma ideia, em Londres, a poluição é de 15 microgramas, se aproximando do patamar desejado pela OMS. 

Outras medidas têm sido adotadas no mundo, como a implantação de ciclovias e programas maciços de estímulo ao uso da bicicleta (Dinamarca e Holanda são bons exemplos), foco no transporte sobre trilhos (como acontece em Nova York, Seul e Hong Kong) e planejamento das chamadas “ruas calmas”, onde a prioridade é de ciclistas e pedestres, além das ruas totalmente fechadas para carros.

De acordo com pesquisas, inclusive o último relatório da ONU, a poluição do ar mata cerca de oito milhões de pessoas por ano. No Brasil, 50 mil pessoas morrem anualmente vítimas de doenças decorrentes da poluição, como AVC e infartos. Não é pouca coisa. Mas é preciso mexer no ponto nevrálgico: o carro a combustão. É ele que leva no nosso país apenas 1,4 pessoa por veículo, uma média baixíssima, o maior responsável por esse imenso estrago na saúde das pessoas.

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