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Vamos andar de ônibus?

Vale muito a pena usar esse modal que chega onde nenhum outro transporte consegue alcançar

Recentemente, as apresentadoras Xuxa, Patricia Abravanel e Angélica postaram em suas redes sociais fotos suas dentro de metrôs. No final do primeiro semestre, Xuxa estreou no metrô paulistano para gravar um programa de TV. “Foi uma experiência única”, ela declarou. Aos 56 anos, só tinha andado uma vez em Nova York. No dia 3 de outubro, foi a vez de Patricia Abravanel compartilhar sua vivência no metrô de São Paulo, segundo ela “de primeiro mundo”. E, ainda em outubro, Luciano Huck clicou Angélica em um vagão em Nova York.

Esses flagrantes de artistas, que aqui são publicados como “uau, olha que incrível”, no exterior não causam essa celeuma. Isso porque é absolutamente natural em Nova York, Londres, Paris ou Berlim ver figuras como Rihanna, Sandra Bullock, Anne Hathaway e Hugh Jackman, entre outros, circulando livremente no metrô, nos trens ou nos ônibus. Nessas cidades o transporte coletivo é muito valorizado – e usado – por toda a população, independentemente da classe social. Empresários e executivos vão diariamente para o trabalho nos modais coletivos. O chique é compartilhar um transporte concebido para todos – e por isso mais econômico, sustentável e inteligente.

Precisamos acabar com o preconceito em relação ao transporte coletivo, que causa uma tremenda inversão de valores. Enquanto estivermos sozinhos, cada um dentro do seu próprio carro, estaremos imobilizados e perpetuando essa cultura individualista, nada empática e poluidora.

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E é importante que Angélica, Xuxa, Patricia e outros artistas não andem apenas de metrô (e não só lá fora!), mas de ônibus também. O ônibus é o que mais sofre no universo da mobilidade coletiva. Embora tenha melhorado muito nos últimos anos, especialmente em São Paulo, com corredores e faixas exclusivas, além de comodidades como ar-condicionado e wi-fi, ele ainda é alvo de preconceito. Muita gente o desconsidera, sem sequer ter colocado os pés dentro do veículo. É bom ressaltar que fora do horário de pico os ônibus vêm rodando vazios. Vale muito a pena experimentar esse modal que tem uma grande capilaridade no país, circulando de ponta a ponta nas cidades.

Dados da NTU, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, dão conta de que os ônibus urbanos perderam 25% dos usuários entre 2013 e 2017. De acordo com as pesquisas da entidade, os aplicativos de transporte foram os responsáveis por essa queda de usuários. As novidades nesse setor têm transformado bastante o mercado, e cumprem seu papel. Mas é essencial investir e desenvolver o transporte coletivo, que tem um objetivo social, que visa o bem-estar da maioria. E por isso mesmo é econômico, sustentável, democrático e universal.

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