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A culpa é do porteiro

O presidente Jair Bolsonaro deve ter achado pouca a confusão que lhe criou o noticiário da Rede Globo que citou o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. E ontem, o Ministério Público do Rio informou que o porteiro “mentiu” ou se enganou. Mas o assunto aqui é outro. Trata-se de mais uma ação do presidente Bolsonaro que parece ter achado pequeno o noticiário que o cita no caso do porteiro. No meio de tudo isso, o presidente da República e mais 23 parlamentares entraram com uma ação ontem, ajuizada por um ex-ministro do STJ, Admar Gonzaga, pedindo ao TSE que bloqueie o acesso do PSL, o partido dele, a recursos do fundo partidário – do eleitoral, não? – e que afaste da função de presidente da legenda o deputado Luciano Bivar. O pedido foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República e não há prazo para o procurador Augusto Aras se manifeste. Ou seja, é mais uma confusão em que se mete o Presidente da República, que já vem disputando espaço com Bivar desde que resolveu fazer de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, líder do partido na Câmara, quando o delegado Waldir ainda estava na função.

O que se vê desde a indicação de Eduardo como líder do partido é, na verdade, o olho gordo da legenda no fundo partidário e eleitoral que deverão render ao PSL quase um bilhão de reais. Esta é a verdadeira disputa entre Bivar e Bolsonaro. O inusitado é o presidente da República se imiscuir num assunto desses, um varejo, que deveria interessar apenas ao partido e aos seus parlamentares.

E olha que confusão não falta ao presidente Bolsonaro. Agora mesmo o Ministério Público do Rio de Janeiro retoma, com a participação da Polícia Federal, as investigações para saber, afinal de contas, quem entrou no condomínio de Jair Bolsonaro, dia 14 de março de 2018, dia da execução da vereadora e de seu motorista. Segundo o Ministério Público, quem autorizou foi o PM aposentado Ronnie Lessa, permitindo a entrada do ex-PM Élcio Queiroz – não confundir com Fabricio Queiroz, envolvido em outra investigação, a da “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, outro filho do presidente. Suspeitos do duplo homicídio, os dois estão presos no Rio. O presidente acha que há um complô contra o governo dele. O que há é confusão demais. O presidente está na Arábia Saudita e os pipocos acontecem a 11 mil quilômetros em linha reta de onde ele está. Vão acabar achando que o culpado é o porteiro.

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