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Um a zero para o governo

Bem que o governador Romeu Zema queria ver hoje o rastro da onça para avaliar o tamanho do bicho. Mas vai ter que se contentar para ver a onça mesmo no dia 7 de outubro se, mais uma vez, não for adiada a manifestação dos policiais, agentes penitenciários e detetives que desmarcaram a que seria hoje. Essa manifestação seria a segunda numa mesma semana e tinha tudo para não repetir a de segunda-feira, tida pelos manifestantes como de grande sucesso. Até então o governador ouvia falar apenas no rastro da onça, que ficou de se materializar, não houvesse um racha no movimento dos policiais.

Na verdade, há pelo menos três lideranças no movimento para melhores salários do pessoal da segurança pública. E uma delas, a do tenente-coronel Mendonça, foi discriminada na reunião de segunda-feira, quando apenas parlamentares e representantes de outras entidades foram recebidos pelos que negociavam em nome do governo, entre eles os secretários Bilac Pinto, do governo, Otto Levy, do Planejamento e Mário Lúcio Araújo, da Segurança Pública. Mendonça, que lidera uma dissidência, se sentiu impedido de participar da reunião, embora tenha sido atendido pelos negociadores.

A manifestação marcada para hoje na verdade perdeu o sentido porque o governo, anteontem, fez  uma proposta, rechaçada pelos autores do protesto, de só começar a pagar a defasagem salarial de 28,82% daqui a um ano, ainda que se tenha comprometido a pagar dezembro até o quinto dia útil e de quitar o 13º salário no dia 21 de dezembro. Com isso, os negociadores do governo levaram a melhor sobre os manifestantes porque não apenas jogou o pagamento da defasagem para o ano que vem como não estipulou nenhum índice para pagar o que deve. Um a zero para o governo Zema.

Com o adversário dividido e com as cartas na mão, convencida que está a população de que o governo não tem dinheiro para o café, ficou fácil para Zema empurrar a solução do problema para frente, convencido de que até lá poderá convencer os deputados que o apoiam, mesmo os que fazem discursos contra ele da tribuna, de que com paciência e boa vontade tudo se resolve. O grupo do tenente-coronel Mendonça resolveu esticar esse prazo para 30 de novembro, na expectativa, no entanto, de que até lá o governo poderá acenar com pelo menos 10% por cento da defasagem salarial, além de se comprometer a pagar o restante ainda durante o  seu governo, coisa que não fizera na última assembleia.

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