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Galo e Sampaoli

O conjunto brasileiro que na temporada teve o maior número de atuações daquelas claramente convincentes foi o Santos, de Sampaoli. Neste momento de instabilidade do Atlético, vejo a eliminatória que começa nesta quarta como preocupante para os mineiros.

Contra o Vasco, no domingo, o Peixe venceu com contundência. Ficou bem barato para os cariocas. A marcação avançada e extremamente intensa dificultou bastante a saída de bola da nova equipe de Luxa. Se lembrarmos dos problemas que o Galo rotineiramente demonstrou em 2019 na troca de passes próximos à área de Victor, encontramos um ponto com consideráveis chances de ser especialmente importante no duelo. Rodrigo Santana há de atentar-se a isso. Adílson, desfalque logo mais, não anda correspondendo. Mas nenhum primeiro volante atleticano, nem Zé Welison, provou-se consistente este ano. Pegando uma média das finais do Mineiro até aqui, a despeito da implicância de larga fatia da torcida, Elias tem sido o melhor do time. Mas por características, como joga mais adiantado, gosta de entrar na área inimiga, não interfere frequentemente neste início das ações.

Outra característica de Sampaoli que não é tão comum nos nossos técnicos – ninguém no mundo a contempla com a mesma qualidade de Guardiola –, é a de utilizar laterais por dentro. Esse expediente vire e mexe proporciona ao seu escrete a capacidade para produzir tabelas e triangulações bem rápidas, dinâmicas, em função da superioridade numérica no centro, da compactação. Em boa parte da derrota para o Palmeiras achei a marcação do Galo à frente da defesa ruim, concedendo muitos espaços. Diante de um oponente com potencial tão grande para infiltrar com domínio da posse, esse defeito, caso não corrigido, corre risco contundente de tornar-se mais prejudicial. 

Reconhecendo as próprias limitações e as virtudes adversárias, o Vasco, no Pacaembu, mudou seu esquema usual. Entrou com três zagueiros. Na fase defensiva, resguardava-se num 5-4-1. Mostrando repertório e aptidão para se adaptar às circunstâncias, o Santos aproveitou bastante os buracos que os alas cruzmaltinos eventualmente deixavam pelos flancos, ou seja: os laterais, neste cotejo, foram menos meias. E deu certo. Fábio Santos vive longo período adverso no Atlético. No domingo, Felipão mudou Dudu de lado em diferentes instantes para explorar a marcação ruim do Galo pela esquerda – e olha que Guga nem defende bem, pelo menos por enquanto. Trouxe calafrios ao Mineirão em muitos lances. Rodrygo e Soteldo são ameaças do mesmo estilo: atletas ariscos, de aceleração, drible, condução. No um contra um, como pontas, se Fábio Santos e Guga não melhorarem com relação ao que renderam no domingo e/ou não tiverem o apoio adequado de companheiros na recomposição, como diria meu grande amigo – e atleticano fanático, Renato Rios Neto –, a casa pode cair.

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