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O ônibus pede passagem

Lu Gebara

Por transportar muito mais gente, ele deve ter fluidez e prioridade nas ruas

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Palavra que vem do latim “omnibus”, que significa “para todos”, o ônibus é um meio de transporte polêmico no Brasil. Embora seja usado por milhões de pessoas diariamente, é considerado o patinho feio do transporte coletivo. Ainda que consiga circular por milhares de quilômetros de ruas e avenidas, levando as pessoas de ponta a ponta, é visto como ineficiente.

Para Francisco Christovam, presidente da SP Urbanuss, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, o modal nunca foi tratado com o devido respeito. No Brasil, o país do automóvel, o ônibus sempre foi visto como algo menor, quase um motivo de vergonha. “Afinal, por que é chique e bacana andar de ônibus em Paris e Nova York e ruim em São Paulo?”, ele questiona. Christovam acha que essa cultura precisa ser mudada urgentemente. “É uma visão preconceituosa, inclusive da mídia, e que atrapalha o desenvolvimento do transporte coletivo, um grande bem em qualquer metrópole.”

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No caso de São Paulo, como lembra Christovam, “a sociedade critica, os políticos ignoram, as autoridades negligenciam, alguns formadores de opinião detonam e muito poucos usuários reclamam”. Segundo ele, apenas uma reclamação é feita a cada 119 mil passageiros transportados. Em relação à quebra de veículos, acontece em média uma quebra a cada 14 mil quilômetros rodados.

O que é realmente fundamental, frisa o presidente da SP Urbanuss, é investir em infraestrutura. Os ônibus precisam de faixas e corredores exclusivos para rodar melhor e mais rápido. Cada veículo leva em média 80 pessoas e deve ter fluidez e prioridade nas vias.

Por causa do incentivo ao automóvel, nos últimos anos a perda de velocidade do ônibus no Brasil tem sido grande. De 1999 a 2015 a queda de velocidade foi de 40%, passando de 25 km/h para 15 km/h, segundo dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

Mais de 60 milhões de pessoas usam diariamente no país modais coletivos, que abrangem ônibus e os sistemas metroferroviários. Uma rede fundamental e que deve ser beneficiada, a exemplo dos países desenvolvidos. Afinal, o uso do transporte coletivo está ligado à redução da poluição e ao aumento da qualidade de vida, fazendo parte da agenda de prioridades das nações inteligentes.

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