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Vamos nos mexer?

Para evitar os congestionamentos e a poluição na porta das escolas a receita é fazer como os japoneses, que desde pequenos vão caminhando

Neste mês de fevereiro acontece o retorno às aulas em todo o país. Um período em que volta o gostoso burburinho de crianças e jovens, ele também traz no pacote mais congestionamento, buzinas, poluição e desrespeito – caso, por exemplo, da fila dupla, infração comum no entorno dos colégios.

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Levar os filhos de carro para a escola não é uma escolha saudável e sustentável. Fruto da nossa cultura, centrada no automóvel, essa opção contribui para aumentar a poluição justamente no local em que as crianças convivem e fortalecer o hábito do sedentarismo nos pequenos.

Em outros países, pais e filhos se locomovem em geral de transporte coletivo, a pé e de bicicleta, o que traz grandes ganhos para o desenvolvimento cognitivo da criança. Um estudo dinamarquês feito com vinte mil alunos com idade entre 5 e 19 anos mostrou que caminhar ou pedalar aumenta a concentração nas aulas e na execução de tarefas complexas, em comparação com os que vão de carro.

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No Japão, é comum as crianças irem a pé para a escola, sozinhas, desde os seis anos. Em alguns bairros, os pais se organizam para acompanhar, como guias, as crianças nesse trajeto. A comunidade se une para trabalhar na formação de cidadãos ativos, que usam o espaço e o transporte públicos e participam da vida da sociedade. Como diz a urbanista espanhola Irene Quintáns, que trabalha com mobilidade urbana na infância, “caminhar e usar as ruas que chegam a todos os lugares tornam as cidades mais seguras: o uso ativo do espaço público aumenta a interação social, a segurança e a cultura de paz”.

Nas cidades de La Ribera, na Espanha; Haute Savoie, na França; Wroclaw, na Polônia; e Koprivnica, na Croácia, há o projeto “Vamos nos mexer”, que envolve pais, professores e monitores no transporte a pé. Em rotas pré-definidas, eles se dividem para caminhar diariamente com as crianças.

No Brasil temos exemplos de iniciativas bacanas em prol do transporte ativo na escola, como os movimentos Carona a Pé, em São Paulo, e aPezito, em Porto Alegre.

Mesmo quando não é possível fazer o trajeto completo a pé, dá para fazer parte dele caminhando. Um jeito é parar o carro a algumas quadras da escola, o que evita o congestionamento na região. Ir de ônibus ou metrô e caminhar alguns minutos para chegar é igualmente maravilhoso. Assim, estamos ensinando às crianças que o coletivo é melhor porque favorece a vida de todos, e não de alguns, e que esse é o segredo de uma cidade democrática, inteligente e saudável.

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