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(Preencha aqui), tchau, tchau, tchau!

– Neuer, Messi, Cristiano, Piqué, Chicharito tchau, tchau, tchau! – canta a torcida se divertindo.

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E sorri, festeja, vibra e repete e repete e repete. Parece que nenhum sucesso será o bastante. No mundo do futebol, a tristeza do outro, ou a frustração de ter ficado pelo caminho, é combustível para turbinar a alegria dos que ainda permanecem de pé (nem que seja aos trancos e barrancos). É o que considero “bullying esportivo”, onde a ordem é pegar um torcedor fragilizado e tripudiar de modo insistente – ou até covarde – de preferência protegido pelo efeito manada. Machucar, chutar, espezinhar.

– Chicharito, Neuer, Messi, Cristiano, Piqué, tchau, tchau, tchau! – repete a torcida a provocar.

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Este fenômeno não é apenas brasileiro, acontece por aí afora. Talvez, e isso é só um palpite, com maior frequência e intensidade nos povos latinos, naturalmente mais passionais. Pessoas se comportando como um centromédio trombador ao avançar numa bola dividida dentro de uma loja de cristais. Machucar os outros não pode ser considerado acidente, efeito colateral, “do jogo”. Magoar será o propósito – compaixão não combina com paixão e vice-versa. Será?

– Piqué, Chicharito, Neuer, Messi, Cristiano, tchau, tchau, tchau! – insiste a torcida sem piedade.

Correndo o risco de ficar só, sou de outra escola. Já me aborreci com muitos amigos por serem maus perdedores, e ainda assim dei a eles o desconto da dor. Ser abatido não é fácil, revolta, pede uma dose de extravasamento. Agora, decepção, decepção mesmo reservo aos maus vencedores, estejam eles ao meu lado ou contra mim. Existe uma ordem direta: quem aprende a ganhar com altivez, saberá perder com reverência. A quem a vitória nada ensina, derrota alguma trará lições. Flauta é do jogo, reconheço. Mas o bom senso é reserva de medida para entrar em campo substituindo o escárnio.

– Cristiano, Piqué, Chicharito, Neuer, Messi, tchau, tchau, tchau! – e a torcida já perde a graça.

Olhar mais para o insucesso alheio do que para os próprios méritos é uma distorção. Perdão se sou duro, mas beira a falha de caráter. Desobedece a regra primeira de muitas crenças: não faça ao outro o que não deseja que façam a você. E o melhor momento de escrever isso é agora, com o Brasil ganhando. Do contrário, diriam ser mimimi de perdedor, essa franquia ao bullying. Parabéns Brasil – jogou melhor. Parabéns, México – vendeu caro nossa vitória.

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