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Surpreendente Rocksy(lêncio)

Visualize meu sábado: apesar do inverno súbito e rigoroso, fomos para a festa de aniversário do filho caçula da irmã caçula da minha mãe e, por isso, um primo muito mais jovem. Salão de festas do edifício, tias, tios, irmãos, família tão completa quanto possível. Em outros tempos, eu seria aquele jovem no meio da meninada – posição, aliás, ocupada por meu filho neste churrasco em Novo Hamburgo. O priminho anfitrião, 1,90m, calvo e pai de família, está no comando dos espetos e demonstra o quanto o tempo incidiu sobre meus ombros. Tal cena tanto pode ser algo que você viva hoje, como amanhã (passa rápido, viu?).

Em meio às esperadas lembranças e tradicionais surpresas (como uma cresceu, como outro já está um mocinho), tínhamos uma novidade: Rocksy. Mais do que uma novidade – uma novidade em movimento. Uma cadelinha Dachshund de três meses de idade ocupada em fazer festa para todos os que chegavam com o rabinho elétrico em pulos possíveis para suas pernas tão resumidas. Pelo curto em preto e caramelo, olhos expressivos, alegria inabalável e, talvez por ainda ser filhote, uma atração mútua e irresistível por um colo. Sozinha, foi capaz de garantir o entretenimento de crianças e adultos com mais competência do que um grupo inteiro de animadores profissionais.

Domingo pela manhã, ao despertar, eu recordava com doçura deste evento, hoje meio raro, quando um dar-se conta me pasmou: Rocksy não latiu um único au. Rebobinei a memória, pois deveria estar enganado. Não latiu. Calculei a possibilidade de ela ter ladrado sem eu escutar. Não, não ladrou. E quando minha sobrinha a pegou de surpresa para colocar a força na caixinha de viagem? Nem um rosnado. E quando minha tia surpreendeu Rocksy sobre as patas traseiras em busca de farejar dentro da latinha de lixo? Nein!, disse a tia. Muda, ela obedeceu. E quando passou a mastigar um canudo plástico, sendo caçada por todos e retirada por mim (pelo cangote) de debaixo da mesa? Só um olhar de culpa…

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Ou muito me engano, ou isso é um sinal.

Não há a possibilidade de, recém-chegado na família e sob severa quebra de rotina, um cão ser treinado a ficar tão quieto. Se aconteceu – e foi ótimo, diga-se –, ou o Brasil entra discreta e gradativamente nos eixos (como pode parecer), ou forças ocultas operam nas sombras (como não pode aparecer). Palpites? Cartas à redação.

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