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A rebelião da bancada

Nunca é tarde para começar. Pois segunda-feira, depois de dois anos prestando obediência ao presidente Michel Temer, parte da bancada mineira na Câmara dos Deputados se levantou contra o governo e pôs a boca no mundo, prometendo obstruir as votações até que seja liberada a verba de 250 milhões prometida aos deputados que o salvaram duas vezes da degola no ano passado. No protesto contra Temer, que comemorava os dois anos de governo, havia parlamentares do PT, PSDB, Pros, PR, PSB e até do MDB, todos reclamando do tratamento que Temer tem dedicado a Minas Gerais, embora deve ser registrado que Minas tem 53 deputados federais e no protesto apenas 35 estavam pondo a boca no trombone.

Além da verba de 250 milhões, há outros 100 milhões que são de uma emenda impositiva que a bancada mineira colocou no orçamento do governo e que deve ser liberada obrigatoriamente. Pois nem isso, a verba de 100 milhões, o governo liberou, enquanto mandou 150 milhões para o Rio Grande do Sul e um bilhão e duzentos milhões para a intervenção fajuta na segurança do Rio de Janeiro. De forma que a grita dos deputados tem razão de ser, embora se deva lamentar que chegue um pouco tarde, pois, nesses anos de governo, Temer montou um verdadeiro cerco financeiro a Minas, deixando de cumprir decisão do Supremo Tribunal Federal que manda a União ressarcir Minas Gerais pelas perdas financeiras provocadas pela Lei Kandir – só isso aí tiraria o Estado da má situação financeira em que se encontra, sendo na verdade um cano dado nos mineiros de cerca de 160 bilhões de reais, para não falar em outras coisas como o confisco de quatro usinas hidrelétricas da Cemig, o bloqueio de repasses constitucionais ao Estado, de forma que o protesto dos deputados mineiros, liderados pelo deputado Fábio Ramalho é válido, mas chega um pouco tarde em função do descaso imposto a Minas por Michel Temer que sequer veio ao Estado, a Belo Horizonte, especialmente, desde que assumiu o lugar de Dilma Rousseff. De forma que é até estranho que, diante de todo esse descaso, possa a Federação das Indústrias convidar Temer para presidir a posse de sua nova diretoria. Não foi por acaso que o deputado Fábio Ramalho, coordenador da bancada mineira e do mesmo partido de Temer, o MDB, propôs um boicote às votações dos projetos de interesse do governo na Câmara – “para que seu governo respeite Minas, presidente”, advertiu Fábio Ramalho. Por coisas assim, em 1831, ao visitar Minas Gerais, o Príncipe Dom Pedro I foi recebido por onde passou com os sinos das igrejas repicando o toque de finados.

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