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Redes sociais

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Rodrigo Caetano disse, na semana passada, que “as redes sociais têm influência absurda” no Flamengo. Uma declaração tão direta e em certo sentido objetiva, como esta, acaba motivando/servindo de subsídio para debates acerca do tópico “relação dos clubes com as novas mídias”. Independentemente deste tipo de colocação, de “confirmações” de quem vive os bastidores do esporte, basta uma centelha de percepção filosófica/sociológica e um fiapo de noção sobre o mundo do futebol para se ter certeza: o que Caetano atribui ao rubro-negro carioca se estende em larga medida a todos os rivais/concorrentes nacionais. É a norma atual – que já vige claramente há um bom tempo.   

Existe no futebol brasileiro uma espécie de clamor de enorme fatia dos torcedores minimamente ativos por posições “firmes”. Como a capacidade de juízo está longe de ser uma característica predominante na nossa espécie, o que se avalia como tal costumeiramente apenas o é na aparência – e carece de conteúdo, bom senso, ideia; resvala no tosco, no retrógrado. Isso sempre vigorou. A novidade é o fácil, o interminável acesso que o cartola possui a um termômetro do seu público. O estritamente emocional, o que exala total imediatismo e pouca qualidade intelectual se alastra basicamente em toda e qualquer “timeline”. E o populismo, um tipo de instinto de sobrevivência costumam levar o dirigente a guiar-se por estas demandas. Pronto: a receita para fracassos, demissões, injustiças, socos na mesa, gritos, coletivas tão pobres quanto acaloradas…

Um desdobramento razoavelmente comum – e não observado – neste cenário: inconscientemente, um personagem costumeiramente criticado por pouca “veemência” – “bom é o outro, verborrágico…” – se sente pressionado a comportar-se, revelar uma persona pública mais enfática; com esta motivação, levado por esta pulsão concede entrevistas “falando grosso”; cobranças, obrigações, litígios, provocações… Como em determinadas acepções, dentro do tópico em tela, a linha é tênue, e frequentemente não há lógica, controle, certezas em torno da formação de julgamentos coletivos, os mesmos torcedores – e jornalistas – que cobravam posicionamentos mais “ardorosos”, e que teoricamente, caso seguissem mínima coerência, concordariam com a tal nova afirmação específica, misteriosamente, decidem desgostar do que fora proferido. O tiro sai pela culatra. A mesma mão que afaga…

Fenômeno análogo tem assolado o jornalismo – não apenas o esportivo. Pautado veículos, decisões institucionais e opiniões individuais. Enquanto as pessoas insistem em xingar por suposta parcialidade clubística/partidária, o que está por trás de infinitas manifestações é o medo de virar o pária virtual da hora – ou o anseio pela glória cibernética, pela celebridade a qualquer preço (influencer…).

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