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Proposta Celeste

A carência de laterais dentro do cenário de clubes brasileiros vem sendo alardeada há anos. Neste período, entre os poucos claramente elogiados, a maioria se notabilizava por um jogo mais agressivo, ofensivo – e por limitações na marcação. Num estilo exatamente oposto, alguns dos que se salvavam eram vistos quase como “zagueiros pelo lado”: não comprometiam, compunham bem a primeira linha de quatro; bons burocratas, nada mais. Raros têm sido, portanto, os atletas desta posição capazes de atingir ótimo nível nas duas pontas; eficiência no combate e competência no apoio. Edílson, pelo que apresentava no Grêmio, e já entrega no Cruzeiro, parece ser uma destas louváveis exceções. Chuta e cruza bem. Possui técnica suficiente para participar, sem fazer feio, de triangulações e tabelas pelos flancos, agregando na construção e em sintonia com a filosofia de proposição de jogo adotada por Mano para a temporada. Se preciso for, contudo, “fica mais comportado”: deixa de apoiar constantemente em nome da solidez na retaguarda.

Nas duas últimas partidas da Raposa, Egídio foi o principal ladrão de bolas do time. Início de ano, amostragem pequena, e apenas um adversário de nível, digamos, considerável – o América. Além disso, devemos sempre lembrar que o trabalho defensivo não se constrói apenas pelo combate direto, no homem da bola. Desarmar bem é somente uma das facetas da boa proteção. Sem a posse, necessário é posicionar-se com precisão, preencher os espaços, não levar bola nas costas, ficar atento ao “segundo pau”. Marcos Rocha, por exemplo, sempre esbanjou ótimas estatísticas no quesito desarmes. Ainda assim, frequentemente era questionado defensivamente – por desatenção, não acompanhar acertadamente os movimentos do oponente… Feitas todas estas ressalvas, o desempenho sólido que Egídio vem exibindo na temporada talvez já seja resultado das orientações corretas e cuidadosas, insistentes de Mano; o treinador celeste é especialista na montagem de defesas, na edificação de uma primeira linha de quatro consistente; é muito provável que, com ele, Egídio se torne mais seguro mesmo em longo prazo e em competições mais difíceis.

Ainda no que compete aos laterais, deve-se elogiar o fato de que, no clássico do último domingo – desmistificando novamente o injusto e simplório estereótipo de “retranqueiro” –, Mano posicionou frequentemente seu conjunto “lá em cima”, todo no campo de ataque, com os dois laterais apoiando simultaneamente, o segundo volante (Cabral) na entrada da grande área inimiga, e ótima compactação. Robinho usualmente já recebe a incumbência de sair do lado direito para fazer aparições pelo centro – entre outras coisas, para proporcionar superioridade numérica a sua equipe neste setor; com os dois laterais dando amplitude, esta ideia comprova-se ainda mais certeira – afinal, não se deixa de “abrir o campo” com o deslocamento de uma das peças de beirada.

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