Os investidores fazem uma leitura muito pragmática do Brasil, que poderia ser representada por equação matemática: apetite em investir = (estabilidade política e econômica + reformas estruturantes + inflação baixa) x empregos numa crescente.
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Quando qualquer um dos elementos da equação acima sofrem mudanças abruptas, contraria a harmonia macroeconômica. Isso faz que com que os investidores qualifiquem como risco e partam atrás de mercados com equações mais equilibradas, derrubando o Ibovespa e tirando a oportunidade das empresas brasileiras de se financiar com recursos da renda variável, ou seja, da Bolsa de Valores.
É exatamente o que está acontecendo com a indefinição continuada da reforma da Previdência que vem se arrastando entre o Governo e as lideranças partidárias que insistem em transformar Brasília em um grande mercado de trocas. A moeda é sempre a mesma, emendas, cargos e leis que de alguma maneira possam beneficiar os interesses individuais dos políticos e seus redutos.
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Não que sejamos contra as emendas de caráter desenvolvimentista, porém é uma miopia achar que o benefício individual é mais importante ou determinante para o benefício nacional, ou falando em “politiquês”, o pacto da Federação é mais inclusivo do que o pacto regional.
A piora no mercado de ações se acentuou com as declarações subliminares do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de que a reforma pode não ser votada ainda este ano.
O curioso é que enquanto caímos, a bolsa norte-americana atinge máximas históricas. E vale ressaltar que os fatores adversos por lá foram, e são, grandes como os danos causados pelo furacão Irma e o inverno que consome energia de forma acentuada. No comparativo com as demais bolsas da América Latina fomos nós quem mais perdemos.
O dano não para por aí. Com a privatização da Eletrobrás na fila de espera, os papéis despencaram e, para fazer coro, os papeis da CPFL foram junto, pois deverão perder liquidez com a venda do controle para a chinesa State Grid.
Em resumo, a forma como Brasília trata o futuro da estabilização do país afasta os investidores que podem ajudar as empresas brasileiras a crescer e gerar mais e melhores empregos, nos levando a um danoso círculo vicioso. Que a lucidez política e o patriotismo, tão em baixa, possam prevalecer e que as reformas se concluam ainda em 2017. O Brasil e seu povo sofrido merecem.