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Por favor, não vote em mim

Eu não sou um bom candidato. Penso diferente, ajo diferente e os princípios morais que me norteiam são bem distintos desta escumalha que está nos Três Poderes brasileiros. Portanto, não é correto eu pedir votos se sei que no fundo não conseguirei cumprir o que desejo. Serei apenas mais um pendurado nas gordas tetas do Estado, usufruindo de cotas parlamentares intermináveis, de viagens de avião permanentes e de dezenas de funcionários para puxar o meu saco. Mas não conseguirei fazer quase nada, pois, pensando radicalmente contra o sistema, colocarão em mim algemas invisíveis. Não quero isso. Não votem em mim!

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Não vou mentir. Cada vez tenho mais raiva e nojo desses que usam o meu, o nosso suado dinheiro em benefício próprio. Políticos brasileiros são parasitas. Nos demais poderes também está cheio. Eu serei um peixe fora d’água. Viverei diariamente meu inferno particular, explodindo pontes, dinamitando os hipócritas que me rodeiam.

Eleito, serei um péssimo companheiro, do tipo que acaba sozinho. Tentarão cassar meu mandato. Dirão que sou corrupto como eles. Buscarão me derrotar da forma mais torpe possível, pois brigarei contra privilégios dos colegas, das corporações do setor público e mesmo de gigantes da iniciativa privada. Por acreditar que o governo não pode criar privilégios, a partir de eleito vou lutar como um leão para que mais de 90% das empresas, que são as micro e pequenas, tenham acesso ao dinheiro farto que é distribuído para as gigantes corruptas. Comigo acabam as barbadinhas para quem tem dinheiro e está acoplado ao poder. A síndrome de abstinência deles faria com que eu fosse escorraçado pelos que vivem da podridão, sem nenhuma chance de defesa.

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Uma vez lá dentro, serei uma pedra no sapato dos colegas, mas também do meu mesmo. Do tipo que não vai aceitar deputados indiciados e condenados na tribuna bradando contra a corrupção. Do tipo que não vai aceitar calado as mentiras socialistas e tampouco a cretinice de certos tribunais. Como acredito que a faxina começa em casa, serei obrigado a levar para o Conselho de Ética os ladrões do meu próprio partido. Que caos!

Por fim, colarão em mim a pecha de brigão e intolerante. Ficarei isolado. Meus eleitores me abandonarão. Então me faça um favor, não vote em mim!

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