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Lula candidato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve disputar a presidência da República em 2018. Seria bom para o país, seria importante para Lula, seria fundamental para o PT. Existem, obviamente, questões legais a serem ultrapassadas. Mas aqui não se está abordando o aspecto jurídico de sua candidatura, e sim o fato de estarmos lidando com um líder com incontestável apoio popular, independentemente da maneira como esse apoio foi conquistado. A questão é política: se a candidatura de Lula for barrada pela Justiça ele sempre terá a seu favor um discurso de vítima, de quem foi alvo de alguma grande conspiração. É de se prever Lula discursando: “Não tiveram a coragem de me enfrentar nas urnas”. Muitos desejam, esperam, anseiam pela prisão de Lula como um sinal efetivo do funcionamento da Justiça no país. Mas, politicamente, Lula só será derrotado se não conseguir vencer uma eleição.

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Algumas vozes certamente se levantarão para duvidar da capacidade de discernimento do eleitorado. “Uma parcela da população não tem consciência do seu voto”. Pode ser. Mas esse é um dos riscos da democracia. Aliás, a democracia implica em riscos. Menos de 10 meses após ter sido eleito, Donald Trump é o presidente mais mal avaliado dos Estados Unidos nos últimos 70 anos, com 36% de aprovação dos norte-americanos, muitos deles arrependidos por terem dado seu voto ao republicano. A democracia implica em riscos porque está baseada em escolhas. E se as pessoas acabam sendo beneficiadas ou punidas por suas opções ao longo da vida, nada diferente deve acontecer com a sociedade. E isso se aplica a uma possível candidatura do ex-presidente Lula. Se a sociedade optar por ele em detrimento de outras candidaturas, será beneficiada ou punida por essa escolha.

O temor de uma eventual candidatura de Lula ocorre por um motivo simples: a inexistência de lideranças com força política suficiente para ser uma opção efetiva de solução para as muitas questões a serem resolvidas pelo país. Os partidos não conseguem se definir. O PSDB, por exemplo, não sabe se irá partir para as urnas com o Geraldo Alckmin ou João Doria. O DEM quer até trocar de nome e fala em candidatos como Bernardinho, do vôlei, e Luciano Huck, da Globo. Marina Silva aparece eventualmente. E Bolsonaro corre o enorme risco de naufragar no mar da falta de ideias próprias…

Eleições precisam ser disputadas dentro de regras rígidas de correção e ética – e isso não ocorreu em 2014, quando a campanha de Dilma Rousseff abusou da chamada “pós-verdade”, ou a mentira revestida de um verniz moderno. Se for disputada dessa forma, e Lula vencer, o país terá de encara sua escolha. Agora, se Lula for derrotado, ele e seu partido deverão aceitar o resultado, porque ele certamente será fruto dos muitos erros cometidos pelo partido ao longo dos últimos anos…

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