É um Gre-Nal imprevisível este. Vejo os dois times com excessivo medo de derrota. O Inter porque tem o primeiro clássico no novo Beira-Rio e porque tem um retrospecto recente bem favorável. O Grêmio, também instável em 2014, terá novo técnico. E, de fato, joga fora de casa, portanto, poderia conformar-se em somar apenas um ponto. O empate seria confortável para os dois lados. Isso pode diminuir a qualidade e o ímpeto do clássico.
Há uma leve vantagem vermelha, se Aranguiz for confirmado e se realmente estiver recuperado. A questão emblemática é que o Grêmio é uma incógnita. Como Felipão armará este time? Como ele próprio estará no comando da casamata depois do fracasso na Copa? São fatores de difícil prognóstico e que podem interferir no rendimento das duas equipes. O empate é um resultado bem provável. Mas, como não gosto de ficar no muro, escrevo que há uma pequena superioridade vermelha neste momento. E que o fato novo no tricolor, a chegada de Felipão, pode destruir.
O Gre-Nal passa por Aranguiz. O chileno tem uma capacidade de assistência impressionante. Sem ele, o Inter é um time previsível e, na maioria das vezes, burocrático. Por isso sustento que com Aranguiz em campo e bem condicionado fisicamente as chances do Inter aumentam consideravelmente. O time de Abel tem problemas defensivos e mantém uma preocupante irregularidade na temporada. O Inter dos grenais do Gauchão empolgou. Ou aquele que fez 6 a 1 no Remo, ou 4 a 0 no Flamengo. Mas, também neste ano, há o Inter desorganizado e batido pelo Cruzeiro por 3 a 1, surpreendido pelo Cuiabá num medíocre empate de 1 a 1 ou derrotado pelo Ceará em casa. Abel ainda não conseguiu dar um confiável padrão tático ao time.
Recomendados
Gari devolve Iphone ao dono após encontrar o aparelho no chão
Litoral de São Paulo registrou sensação de calor de 47ºC, diz Climatempo
Já ouviu falar de ansiedade climática?
As esperanças gremistas estão amparadas na mudança da comissão técnica. Felipão mudou o ambiente, mas até que ponto isto é levado para dentro de campo não sabemos com certeza. Que se trata de um baita treinador não tenho dúvidas. O Felipão é o principal responsável pelo penta mundial. E também pelo fracasso na Copa de 2014. Estas duas situações são verdadeiras. O resto é conversa fiada. Dizer que o penta é dele e os 7 a 1 não é bajular demais seu passado. Assegurar que o penta é obra de Ronaldo e Rivaldo e que ele assina o vexame desta Copa em casa seria uma injustiça.
Então, como protagonista, Felipão é o herói de 2002 e o vilão de 2014. Tem uma carreira repleta de títulos. E o histórico fiasco contra a Alemanha significa inevitavelmente uma mancha em seu currículo. E não uma borracha na sua trajetória vencedora. Este é o técnico que tem a missão de resgatar o futebol gremista. Começará a reescrever esta história a partir do próximo domingo no Beira-Rio. A nova página começa a partir do Gre-Nal deste domingo e irá nos mostrar se a Copa foi um acidente de percurso ou se efetivamente ele já não é o mesmo. O clássico é a primeira página deste livro. E uma primeira página diz muito sobre uma obra, mas não a define como boa ou ruim. É a primeira página e não contará o final da história.
Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band/RS. Diariamente, às 13h, comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre