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Quando se ganha perdendo

diego-casagrandeO time do meu filho perdeu um campeonato de futebol de campo no fim de semana. Como todos os pais ali presentes gritei, apoiei, empurrei até o fim. Foi a segunda partida deles no mesmo dia e a quinta da semana. Estavam exaustos. Os garotos jogaram muito, se esforçaram, lutaram, mas não deu. Foi um verdadeiro teste de formação e competitividade para a gurizada. A partida, suada e estafante, foi sob chuva e com campo barrento. Os meninos não seguraram a vantagem de 2 a 0 do primeiro tempo, cederam o empate e a partida acabou indo para os pênaltis. E desde que eu jogava futebol de pés descalços sei que nos pênaltis tudo pode acontecer. E aconteceu que perdemos. Nélson Rodrigues, um apaixonado pela bola rolando, nos ensinou que o futebol “é a metáfora da vida”. E que metáfora!

Com a derrota, ali, naquele momento, veio a natural frustração de ver a gurizada perdendo. Perdemos juntos. Eu e os demais pais e mães sentimos isso. Mas o sentimento de derrota deve sempre ser passageiro. Um dos principais ensinamentos que devemos passar aos pequenos, às novas gerações, aos que têm o que aprender conosco que temos alguma experiência, é de que não se pode ganhar tudo, não se pode ter tudo o que se quer. Assim, toda a vitória, toda a conquista, por menor que seja, terá um significado positivo. Os pais que fazem isso – e muitos não fazem – contribuem para formar adultos respeitosos dos seus espaços e dos espaços dos demais.

É principalmente na derrota que os homens forjam a personalidade e o caráter. Ser grande na vitória é uma barbada. Mas aquele que aprende a perder de cabeça erguida, olhando para frente, estará sempre pronto a continuar enfrentando os caminhos da existência.

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Cada um de nós já teve muitas vitórias e derrotas na vida. Desde quando somos preteridos em uma oportunidade no trabalho, quando a garota que gostamos não gosta da gente, quando rodamos em um teste importante como o vestibular, etc. Todo mundo vive coisas assim. Eu tenho absoluta certeza que meus tropeços, meu erros, minhas quedas, me ajudaram a chegar até aqui mais maduro, mais humilde e com disposição de aprender sempre. Como disse Fernando Sabino: “Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro”. E que a derrota de hoje seja a vitória de amanhã.

Diego Casagrande é jornalista profissional diplomado desde 1993. Apresenta os programas BandNews Porto Alegre 1a Edição, às 9h, e Ciranda da Cidade, na Band AM 640, às 14h. 

Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

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