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Partidos e grupos de esquerda articulam 3 estratégias para eleições diretas

A realização de eleições diretas para a sucessão do presidente Michel Temer é a prioridade de partidos e movimentos de esquerda diante da crise criada após a delação dos diretores da JBS. A ideia é criar uma ampla aliança que inclua PT, PCdoB, PSOL, Rede, movimentos sociais abrigados nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e também os da chamada «nova esquerda» para uma série de manifestações em todo o País pelas diretas já

«O governo Temer acabou. A solução para a crise política, econômica, social, cultural e moral é uma só, diretas já», disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão, depois de reuniões da Executiva Nacional do partido e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (18).

A oposição enxerga três caminhos. O mais rápido seria a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O julgamento está marcado para o dia 6 de junho A minirreforma eleitoral de 2015 diz que, em caso de cassação até seis meses antes do término do mandato, seriam convocadas novas eleições diretas. «Mas chegamos a cogitar o cenário de adiamento do julgamento», disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deve assumir a presidência do partido em junho.

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O segundo caminho seria a aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) 227/2017, de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que determina eleições diretas em caso de vacância da Presidência. «Hoje não temos votos, mas com a pressão das ruas podemos conseguir. É preciso atrair o centro», defendeu o líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Segundo ele, caso seja obtida a maioria no Congresso, a PEC pode ser aprovada até o fim de junho. O presidente da Comissão de CCJ (Constituição e Justiça) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), pautou a análise da PEC para a sessão de terça-feira. Um mandato excepcional de cinco anos também poderia ser proposto

O terceiro caminho seria uma outra PEC protocolada pela bancada de oposição no Senado no ano passado que prevê eleições gerais, mas é considerado o mais difícil. Um quarto caminho, visto como o pior pela oposição, seria um processo de impeachment que pode se arrastar por vários meses.

Reformas

Na reunião desta quinta com petistas, Lula alertou para a necessidade de explicar à população «por que estamos propondo isso». Por isso, o PT defende acrescentar a retirada das reformas trabalhista e da Previdência à pauta das manifestações. Petistas evitaram falar em nomes, mas consideram, em conversas privadas, «óbvia» a candidatura de Lula. Essa seria a oportunidade de se afastar a hipótese de ele ser impedido de disputar o pleito de 2018 caso seja condenado em primeira e segunda instâncias. Lula é réu em cinco processos por corrupção.

Lideranças da Rede defendem a antecipação do lançamento da candidatura da ex-senadora Marina Silva e o PSOL dá como certo que o partido terá um nome próprio.

Ao defender as diretas já, a oposição espera neutralizar a possibilidade de uma «solução rápida» por meio de eleição indireta ou da nomeação da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia.

Petistas defendem também cautela. «O importante agora é conter a ansiedade», disse o ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.

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