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Dilma lamenta morte de mulher arrastada por viatura no RJ

A presidente Dilma Rousseff lamentou a morte da mulher que foi arrastada por uma viatura da polícia que a socorria no Morro de Congonha, no Rio de Janeiro. “A morte de Claudia chocou o país”, disse em sua conta no microblog Twitter.

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No domingo, a Claudia Silva Ferreia, de 38 anos, foi baleada na cabeça quando saiu para comprar pão enquanto ocorria um confronto entre policiais e bandidos na comunidade. Três policiais resgataram Claudia na rua e a colocaram no porta-malas da viatura. No caminho para o Hospital Estadual Carlos Chagas, o compartimento se abriu e ela foi arrastada por cerca de 250 metros. A auxiliar de serviços gerais já chegou à unidade morta, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Em suas mensagens, a presidente ressaltou que a vítima “tinha 4 filhos, era casada havia 20 anos e acordava de madrugada para trabalhar em um hospital”.

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Acompanhe as mensagens da presidente:

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Detidos

Os três policiais militares do 9º Batalhão, de Rocha Miranda, envolvidos na morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, “serão conduzidos para Bangu 8 após o término dos depoimentos” e “serão imediatamente desligados daquela unidade”, informou a PM, em nota, na noite de ontem. Eles estavam presos no Batalhão Especial Prisional, em Benfica.

Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Arcanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves foram autuados pelo artigo 324 do Código Penal Militar, que é deixar de observar a lei ou regulamento, dando prejuízo à administração militar. O IPM (Inquérito Policial Militar) está a cargo da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária da PM.

Na nota, a PM ainda afirmou que o “Comando da Polícia Militar repudia totalmente este procedimento” e “que esta prática não condiz com o processo de formação empregado nos Centros de Ensino da corporação”.

Enterro

O corpo foi enterrado no início da tarde de ontem, no cemitério de Irajá. Depois, cerca de 100 moradores da comunidade de Congonha, em Madureira, voltaram a protestar na avenida Edgard Romero, fechando as duas pistas da via por volta de 14h30. O trânsito só foi liberado às 16h10. Pela manhã, a mesma avenida ficou quase 15 horas interditada depois que dois ônibus foram incendiados na noite de domingo.

Familiares de Claudia avaliam a possibilidade de entrar na Justiça contra o Estado. Eles denunciam que a auxiliar de serviços gerais foi atingida por tiros da própria PM. “Como que ela iria trocar tiros com eles se estava com R$ 6 para comprar pão e um copo de café?”, indagou o irmão Julio Cesar Ferreira, 42 anos.

Cláudia teve quatro filhos com o vigia Alexandre Fernandes Silva, 41 anos. Desolado, ele lembrou que é aniversário do casal de gêmeos no domingo. “Eu vou me apegar a eles [filhos] e ajudá-los, para a gente seguir em frente. Eles sabem o que a mãe queria. Ela ainda ajudava a criar os [quatro] sobrinhos”, lamentou o marido, que vivia há 25 anos com Claudia.

‘Vou pedir para os meus filhos não assistirem’

O carro que transportava Claudia Silva Ferreira para o hospital passou por uma perícia do Centro de Criminalística da Polícia Militar, ontem. Segundo o tenente- coronel Wagner Moretzsohn, comandante do 9º BPM, a perícia ainda não tem um laudo final, mas ele próprio verificou que não há dano no trinco do porta-malas, mas há uma avaria na dobradiça. Ele não sabe se isso pode ter causado a abertura da mala. A resposta será dada somente no laudo oficial.

Alexandre, marido de Claudia, disse que, se a polícia tivesse deixado sua mulher no local para esperar o trabalho da perícia, a revolta seria menor. Ele não viu o vídeo em que o corpo aparece sendo arrastado pelo carro da PM. “Eu prefiro não ver e vou pedir para os meus filhos não assistirem, porque vai ser revoltante”, explicou.

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