Cortejado pela presidente Dilma Rousseff, o PMDB foi o fiel da balança para impor uma derrota expressiva ao governo. Com 267 votos a favor, 18 contra e 15 abstenções, a Câmara aprovou nesta terça-feira a criação de uma comissão externa para investigar a denúncia de pagamento de propina pela EMB offshore a funcionários da Petrobras na Holanda.
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O PT ainda tentou retirar o tema de pauta, mas o chamado ‘blocão’ – composto por 240 deputados de oito partidos que decidiram votar contra o governo – formou maioria com apoio maciço de integrantes da base aliada de PMDB, PR, PTB e PSC.
“Vai colocar a Petrobras em dúvida no plano internacional por uma investigação que não existe”, protestou o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
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O governo colocou à disposição para esclarecimentos os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União) — ação sem efeito.
Com o cenário desfavorável, a votação do Marco Civil da Internet foi retirada de pauta. “O problema me parece que é do ambiente político, não do projeto em si”, resignou-se o relator da proposta, Alessandro Molon (PT-RJ).
Efeito colateral
A derrota do governo foi construída durante todo o dia e ganhou corpo depois de Dilma declarar, no Chile, que o PMDB só dava ‘alegrias’. A sensação de que a crise estava se dissipando tinha até um discurso padrão. “A presidente foi clara ao dizer que o PMDB só dá alegrias. E só dá alegrias mesmo: apoia o governo, ajuda o governo, de modo que a presidente foi muito explícita em relação à frase que formalizou”, disse o vice-presidente Michel Temer, destacado para encontrar uma solução.
O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), porém, demonstrou força e arrancou da bancada um desagravo e uma manifestação de apoio para que o partido convoque a Executiva Nacional e discuta o rompimento da aliança com o PT. “Seremos independentes”, anunciou Cunha.
A operação foi bem mais sucedida do que a do Palácio do Planalto.
Os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), fizeram reuniões individuais com parlamentares de PR, Pros, PP, PDT e PTB na tentativa de desarticular o ‘blocão’.
A ação teve como efeito colateral o apoio à convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para tratar sobre o programa Mais Médicos — destaque da campanha à reeleição de Dilma. Além disso, o grupo independente votará a favor de 21 outros pedidos de convocação de ministros.