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Festival de música na Suécia é culpado de discriminação por banir homens

Evento foi anunciado como “o primeiro grande festival de música do mundo apenas para mulheres, pessoas não-binárias e transexuais”.

Um festival de música na Suécia foi considerado culpado de discriminação por um órgão regulador do governo ao anunciar que homens não eram bem-vindos.

A Diskrimineringsombudsmannen (DO) (Ombusdman de Igualdade), que supervisiona leis que proíbem a discriminação no país, alegou que divulgar o evento como "livre de homens" violou a legislação.

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Segundo o órgão, a descrição do festival "desencorajou a participação de um grupo específico".

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O Statement foi realizado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.

O festival foi apresentado como "completamente livre de homens cis, tanto no público quanto nas apresentações". A intenção seria realizá-lo como uma resposta a "incontáveis" casos de abuso contra mulheres registrados em outros festivais de música.

Os organizadores do evento disseram em um post no Facebook que estão "ocupados demais mudando o mundo" para responder às acusações de discriminação e acrescentaram:

"É triste ver que um festival que permitiu que 5 mil mulheres, pessoas não-binárias – que não se identificam totalmente como homens nem como mulheres – e transexuais vivenciassem uma experiência capaz de mudar vidas, tenha deixando alguns cis (cisgênero) furiosos".

"O sucesso do Statement", continuaram os organizadores, "mostra que isso é exatamente o que precisamos, e o veredito do DO não muda este fato."

A decisão do DO reconheceu que a proibição à entrada de homens não foi de fato aplicada no festival – ou seja, os homens que eventualmente quisessem entrar não eram barrados. Não havia "nenhuma diferenciação baseada no sexo feita na entrada".

Entretanto, o órgão entendeu que a mensagem propagada nos materiais de divulgação do evento deixava claro que os homens não eram bem-vindos.

Como ninguém sofreu danos em decorrência de restrições, o órgão acrescentou que nenhuma multa seria aplicada.

O Statement foi anunciado como "o primeiro grande festival de música do mundo apenas para mulheres, não-binárias e transexuais".

Ele foi criado pela comediante sueca Emma Knyckare, em resposta a um grande número de denúncias de agressão sexual em 2017 no maior festival de música da Suécia, o Bravalla.

A edição deste ano desse festival acabou cancelada pelos organizadores em meio aos relatos de abusos.

"Certos homens aparentemente não conseguem se comportar. É uma pena. Por isso, decidimos cancelar o Bravalla 2018", disseram eles na época.

Em uma entrevista em janeiro, Knyckare disse que o festival que estava organizando seria realizado em caráter excepcional – para cumprir o propósito de responder a esses abusos – e que a expectativa era que ele não precisasse voltar a ocorrer no futuro.

"O que nós queremos fazer é um festival de música realmente grande, legal, que seja seguro para as mulheres, pessoas transexuais e não-binárias", disse ela.

"Não é uma solução, é uma reação. Mas não é um ato político, e sim uma área segura onde as pessoas podem simplesmente se divertir e beber cerveja se quiserem, sem se preocupar".

Em um comunicado à imprensa, o DO afirmou que os casos de abuso sexual são um problema sério, especialmente em festivais, mas que possíveis medidas em resposta a essa questão devem ser adotadas sem violar a lei.

"O DO obviamente acredita que todos os participantes dos festivais devem ser capazes de se sentir seguros."

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