Tempo não justifica falta de qualificação; faça um curso à distância

Para quem quer voltar a estudar, fazer uma pós-graduação ou até um mestrado, mas já trabalha e tem pouco tempo livre, o EAD (Ensino a Distância) é uma opção. Com cada vez mais instituições e cursos que oferecem essa modalidade, vem diminuindo o preconceito do mercado sobre os diplomas dessa categoria.

É o que diz a headhunter e consultora especializada em recrutamento Luciana Tegon. Ela explica que o mercado entende as dificuldades de deslocamento e a falta de tempo de quem já trabalha e, por isso, vê com “bons olhos” profissionais que tenham uma pós ou uma especialização de EAD. “O que importa é em qual instituição a pessoa cursou o EAD dela, e não se fez um curso a distância ou presencial”, afirma.

Como referência, procure por instituições que tenham boa reputação no mercado no qual você já atua ou pretende atuar. Em 2015, o IES (Instituto de Ensino Superior do Ministério da Educação) registrou 194 instituições no Brasil, públicas e privadas, com modalidades a distância. O número de inscritos também é grande.

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O levantamento de 2015 do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostrou que houve um aumento de 2,5% na quantidade de inscritos em cursos de EAD em comparação a 2014. E, de acordo com o Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior), a expectativa é de que, em 2017, esse número cresça em 3,8%.

O coordenador dos cursos de EAD da Faculdade Anhanguera em Santo André, Robson da Silva, acredita que um dos motivos para o aumento dos cursos e dos inscritos é a crise atual.

“O mercado está cada vez mais exigente. Isso está levando as pessoas a voltarem a estudar. Também tem a questão do valor. Um curso presencial é mais caro e tem mais custos”, diz ele.

Quero fazer um curso de EAD, e agora?
Tanto Luciana quanto Silva acreditam que o mais importante para quem quer fazer um curso de EAD é ter disciplina, pois é o próprio aluno que determina sua rotina de estudos.
Também é importante, uma vez escolhido o curso, conferir as instituições que o oferecem, ver a reputação da instituição e as reclamações dos alunos sobre a plataforma utilizada.
O gestor de cursos técnicos do Senac EAD, Alcir Vilela Júnior, também acredita que o aluno deve procurar se informar sobre o projeto pedagógico do curso.

Ele aconselha que os alunos de modalidades à distância não sejam “passivos”: se envolvam com grupos de estudo e busquem outros recursos para complementar o aprendizado.
Já a maior dificuldade de fazer um curso de EAD, para Silva, é se manter focado, pois, hoje em dia, todos estão sempre conectados.

“Estamos acostumados a ficarmos plugados a todo momento. Isso dificulta, porque você precisa desligar tudo e focar só no estudo por algumas horas.”

EAD é melhor para graduação, pós ou mestrado?
O Censo de 2015 da Abed (Associação Brasileira de Ensino a Distância) mostrou que a maioria dos inscritos em EAD estava em cursos de graduação – foram 484.077 pessoas, de um total de quase 800 mil, entre as 368 instituições analisadas.

Em especialização, foram 106.216 inscritos. Em MBA, 21.249, e, em mestrado, 214.

Se para uns o modelo funciona para todos os níveis, Luciana defende que a educação a distância é mais indicada para quem quer se especializar. “O mercado entende que graduação é base, com conteúdo mais intenso. Um EAD pode não dar conta. Além disso, numa graduação, em geral os alunos são mais jovens, e precisa de maturidade para fazer um curso de EAD, não é tão fácil.”

Mas, os especialistas, Silva e Vilela, acreditam que esse argumento faz parte do preconceito que ainda existe contra o ensino a distância. Os dois pensam, também, que não há nenhum prejuízo para o aprendizado realizar uma graduação a distância.

“Muitas vezes quem está fazendo uma graduação já trabalha e, por isso, pode se atrasar para as aulas. Então o aluno realmente perde o conteúdo daquela aula. No EAD, o aluno não precisa se preocupar com atrasos, porque vai sempre ter acesso a todo o material”, explica Silva.